domingo, dezembro 19, 2004

Verdade?


Às vezes me distraio, e penso que ando à procura da verdade. Mas eu não quero a verdade. A verdade é dogmática, é imutável, e extremamente venenosa nas nossas mãos. A verdade é incompatível com o infinito, com a imensidão.
Não, o que eu quero mesmo é a razão. Essa sim é compatível com a eternidade, porque tem de ser constantemente desbravada, discutida e duvidada.
Aqui a questão não é de complicar. É de entender o que somos, e onde estamos, e estarmos preparados para sobreviver.

sábado, dezembro 18, 2004

O mundo das zebras


É natural que os mais fortes dominem os mais fracos, é uma lei da natureza, mas no caso do homem existe uma diferença.
O leão tem dentes fortes e garras, e a zebra pouco mais pode fazer que correr, que fugir e ter medo do Leão. No caso do homem a questão é diferente, e bem diferente. O homem de poder tem dentes e garras falsas, ele não é mais que uma zebra mascarada, e as outras zebras têm medo da mascara. A questão é que já há zebras que com o tempo deixaram de ver a zebra por detrás da mascara, e por empatia, a zebra da mascara pensa que é uma mascara.
Mas isto não é novo, já muitos nos contaram esta história, já há muito que esta história nos canta, mas tem música que é assim mesmo, é preciso aprender a ouvir…

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Se eu já parei para pensar?


Bem, eu gostava de dizer que sim, que já parei para pensar, mas o que é facto é que eu ainda nunca parei. Quer dizer, eu acho que ja fiz umas pequenas pausas, mas nao o suficiente para dizer que de facto parei. Eu gosto da frase, ela tem impacto e tem significado, mas eu penso que talvez ela fique melhor ao contrario, mais adaptada aos dias de hoje. Eu diria: Já pensaste em parar? Isto porque o que define um pouco os dias de hoje é esta correria em que andamos, este viver por automatismos, onde não nos damos conta realmente do que andamos a fazer. Sim, eu diria se já pensaste em parar, se ja pensaste em descontrair e deixar um pouco de reagir aos estimulos, de realmente parar. Pode ser que dai vejamos melhor como tudo o resto roda, vejamos todo o movimento, e de como tanto dele é desnecessario, tanto dele é injusto e cruel. Mas enfim, parar não é para todos, a vida é curta, não podemos desperdiçar nenhum momento desta roda viva, que nos enjoa, mas mantem em movimento, até porque há quem diga que parar é morrer. Mas eu um dia gostava de me sentar, nem que fosse so por pouco tempo, mas palavra que gostava de me sentar.
( quem me conhece pode ser levado a pensar, "mais ainda!?", mas eu acho que poucas ou nenhumas vezes me sentei)

domingo, dezembro 05, 2004

E viva Portugal!


Existe uma tendência em Portugal que é absolutamente venenosa.
Imaginemos dois Países, o (A) e o (B). O País (A) é o melhor, e o (B) o pior. O País onde estamos é o (B), e a tendência em Portugal é esta:
- Vamos todos ser preparados para o País (B), porque esse é o País onde vivemos, e nós não queremos construir uma sociedade de inadaptados.

Mas enfim, vamos mas é estar quietinhos e caladinhos, não é verdade, porque a coisa está má mas ainda se aguenta, deixa andar! E viva Portugal! És o maior!

Simplificar

Acredito que o mundo, o universo, é construído sobre bases simples, infinitamente simples à medida que diminui a sua proporção. Em analogia, poderíamos associar o mundo físico a uma eterna construção de peças de lego, com infinitas formas. Se tentarmos ver a forma total, ela aparece-nos como extremamente complexa, mas se procurarmos a sua base, os seus ínfimos pedaços, veremos que se trata de uma simples sobreposição de simples peças sobre outras, e percebemos mais facilmente ali o porquê de uma peça ter sido posta em determinada posição, e o porquê de uma composição de peças resultar numa forma, e outra composição noutra. Se quisermos, podemos fazer a mesma analogia para o mundo não físico, basta associar a cada situação uma peça, e a combinação de situações seguirá igualmente uma lógica, da mesma forma que as peças (só um cubo encaixa perfeitamente noutro, uma outra forma qualquer associada a um cubo deixará espaços, interstícios entre eles, e existem infinitas construções possíveis se usarmos infinitas combinações entre peças).
Quando estudamos determinado assunto, não estamos mais que a decifrar o puzzle, a descobrir a sua história, a adivinhar a sua construção. Na matemática, começamos por conhecer os números, que serão as peças, e depois passamos às suas combinações simples, aprendemos a somar e a dividir, que serão as formas mais simples da construção do lego. A partir dai a matemática não é mais que combinações destas formas simples, a lógica é sempre a mesma, a sua complexidade advém das inúmeras combinações que estão implicadas, ou no caso do lego, nas inúmeras possibilidades de montar formas, e mais formas com as existentes.
Em qualquer outra ciência, exacta ou não exacta, a lógica da construção mantém-se, mudando apenas a lógica em si mesma de cada ciência. No entanto, em tudo, o que está atrás influencia o que está à frente, as acções provocam reacções, e se queremos decifrar algo, para tal basta conhecer a sua história, todos os factores e variáveis que o influenciam e estiveram por trás do seu aparecimento. Para determinadas ciências (no fundo para todas, mas umas mais que outras, aparentemente), as variáveis ou os factores são tantos, que a sua completa decifração se nos apresenta como impossível.

Isto para dizer que para complexo já nos chega o mundo, e se pretendemos evoluir mais rapidamente na sua compreensão precisamos simplificar o que pode ser simplificado e tentar simplificar o que aparentemente não pode, para que as novas variáveis que vamos tomando conhecimento não se tornem cada vez mais um fardo, e uma complexidade extra ao já de si complexo (simplificar no sentido de reduzirmos o conteúdo informativo sem com isso perdermos o essencial).

E obviamente que deixaria a arte fora deste contexto, ai, simples ou complexa, o que eu gostaria era que ela tivesse liberdade.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

...


São dois corpos que se tocam
E se beijam
Sem o saber

E quando o sabem
Não o sabem
Sem o fazer

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Somos todos muito bonzinhos


Hoje vemos aqueles filmes sobre tempos idos, onde o povo reunido em alegre confraternização aguarda os infelizes protagonistas, para serem espectadores do espectáculo da morte.
Fosse enforcamento, decapitação ou tortura, o que o povo pretendia ao deslocar-se a tal espectáculo era simplesmente rejubilar-se com o sofrimento alheio. Ali não é a justiça que está em causa, o que os move é apenas o sangue, o suor do condenado.
Hoje podemos ver que nada mudámos em relação a esses tempos, quando vemos os arguidos do “ processo casa pia “ a se dirigirem para o tribunal, local onde irá decorrer um julgamento, para decidir se de facto aquelas pessoas serão consideradas culpadas ou inocentes e observamos a atitude das pessoas que acorrem ao local. Ninguém ainda foi julgado, mas isso parece pouco importar. O que importa é que ali cheira a sangue e há pessoas que não querem perder o espectáculo, e outras ainda, que mesmo não estando presentes o acham normal.
É da natureza humana gostar do sofrimento alheio, e se for possível sermos dele cúmplice sem com isso sermos considerados culpados, melhor ainda (na área da psicologia fizeram um estudo interessantíssimo sobre essa faceta humana, onde várias pessoas provocavam choques eléctricos noutras, e estas cientes da sua desresponsabilização provocariam a morte das outras, se os choques fossem verdadeiros, coisa que elas não sabiam; não sei onde indicar este estudo, mas ele andará por ai na net).
No entanto também somos bichos sociais, e nesse papel é natural criarmos barreiras, regras, que nos defendam de nós próprios e dos nossos ímpetos. Em oposição ao crime nós temos o castigo, e assim podemos prevenir que determinadas pessoas não cometam o crime, por medo do castigo, e assim nos regulamos, assim nos tentamos proteger. Outra forma de auto-regulaçao é a prevenção, onde se pretende criar condições para que o crime não tenha bases sociais para aparecer, ou prosperar.
Ora, num sistema social onde estas regulações sejam aplicadas, e principalmente a segunda, essa sociedade terá uma aparência de um maior humanismo, a tal ponto que as pessoas chegam a acreditar nele, e quem sabe, algumas até o tenham.
Pois então que se faça o mesmo cá, que não se permita que este espectáculo em porta do tribunal ocorra e seja considerado normal, que seja regulado de alguma forma, para que possamos disfarçar que já não estamos na idade média, e possamos pensar que já evoluímos um pouco, por forma a que a nossa perversidade, irracionalidade e barbárie se esconda, e assim andemos mais enganados, ao ponto de acreditarmos que somos diferentes, ao ponto de corrermos o risco de pelo menos alguns sermos diferentes.

quinta-feira, novembro 25, 2004

Raciocínio


Não é bem claro em mim, se sou eu que o encontro, ou se ele que me visita.

quarta-feira, novembro 24, 2004

O porquê do titulo do Blog


Ao contrario do que possa parecer, o raciocínio que me levou a esta frase foi mais construtivo que destrutivo. Porquê, cada um tem a ignorância que merece? Esta frase saiu duma conversa com um amigo, em que falávamos duma anterior conversa que ele tinha tido com uns colegas, e onde haveria um certo rapaz que insistia em ser persistente numa ideia que não tinha qualquer fundamento e sobre a qual, aparentemente, o mesmo não lhe prestara um centímetro da sua própria linha de raciocínio. A frase saiu-me automaticamente, e foi com este sentido: Se não queres pensar, se não procuras saber e te informar, então mereces toda a ignorância que tens, bem como as futuras consequências que sobre ti recairão em troca dessa ignorância.
Portanto, espero que vejam o título do meu blog mais como motivador e não como algo pejorativo. O conhecimento pode ser um poderoso escudo, ou pelo menos uma sensibilidade, que nos alerta.
E embora não o possamos ter em demasia, podemos fazer escolhas, baseadas na vida que queremos levar.
E não posso acabar sem deixar aqui a minha frase favorita e que eu cito vezes sem conta:
Só sei que nada sei.
Beijemo-nos



É no beijo de uma mulher
Que a memória me falha
E o raciocínio
Se torna despropositado

E é como um vazio
Que preenche e conforta
E o mundo, inexistente
Não é bom nem mau
É perfeito

E por ele enfrento o mundo
Para deste fugir
E nele me refugiar

Porque eu sou um cobarde
E um sonhador
Não suporto a verdade
E acredito no amor

terça-feira, novembro 02, 2004

Vícios de Personalidade

Sim, isto talvez que seja um vicio meu que peguei de há muito, de, por brincadeira, argumentar que os outros é que estão sempre errados, misturado com a pouca importância natural que eu dou a certas coisas, e me esqueço que para as outras pode ser importante, ou que a minha atitude, por muito que pense que as vai descontrair, pela calma que transmito, vai no fundo desrespeita-las, porque não levo a sério o que para elas é importante. E talvez que um pouco de prepotência e certamente algum egoísmo.


sexta-feira, outubro 15, 2004

Ditos


Juntos somos cada vez mais fortes.
Sozinhos, cada vez mais fragilizados.
E no entanto,
somos cada vez mais egoistas
e menos preocupados com os outros.

Existe aqui uma aparente contradição,
ou talvez não,
talvez que seja coerente
(natural certamente)
e a causa a ilusão,
a nossa embriaguez,
ou os seus efeitos secundários.

E para nós, especie humana,perigoso,
muito perigoso.

sexta-feira, outubro 08, 2004

Ditos

O caminho para chegar a uma solução
é o que mais próximo temos dela.

quarta-feira, outubro 06, 2004

Ditos

O natural é o possivel
O que existe, a sua descoberta
A vida,
o conflito com o inevitavel
o eterno engano
Sobre esta reportagem:


"Vaticano Considera "Infeliz" a Legalização dos Casamentos Homossexuais

O cardeal do Vaticano para os assuntos da família, Alfonso Lopez, considerou a aprovação do anteprojecto de lei espanhol que legaliza os casamentos homossexuais no país e a adopção de crianças por estes casais como um "passo infeliz". As declarações foram feitas na Rádio Vaticano e vão ao encontro da campanha que tem sido feita pelo Papa João Paulo II contra o casamento de entre pessoas do mesmo sexo.
"Com esta proposta de lei, o conceito de casamento é esvaziado de sentido. Inventam uma nova definição que, é implicitamente, uma alternativa ao casamento", condenou o cardeal Alfonso Lopez. "Os Governos apresentam estas medidas como se se tratasse uma conquista da modernidade e da democracia. Na verdade, estão a cair num processo de desumanização profundo", acrescentou o membro do Vaticano, referindo-se aos outros países europeus que já legalizaram o casamento entre homossexuais e lésbicas.
A proposta do primeiro-ministro socialista, Jose Luis Zapatero, aprovada anteontem em Conselho de Ministros, segue as alterações legislativas já produzidas na Bélgica e na Holanda. A Suécia e a Dinamarca também reconhecem legalmente as uniões civis de casais de pessoas do mesmo sexo.
"Dizem que existem muitos estudos de psicólogos que mostram que as crianças são felizes no seio destes casais, mas isso é mentira. Temos estudos diferentes que mostram o contrário", sustentou ainda o cardeal do Vaticano, em relação à possibilidade dos casais homossexuais poderem vir a adoptar crianças. "


Eu tenho a dizer o seguinte:


Eu considero Infeliz o Vaticano considerar “infeliz” a legalização dos casamentos homossexuais.

Pelas palavras do senhor, podemos retirar algumas conclusões, que nos elucidarão sobre o que o Vaticano pensa sobre o matrimónio e sobre todos nós em geral.
Diz então o ministro para os assuntos familiares, do partido auto-denominado representante dos valores morais por eles fixados e da verdade divina e do divino, que o conceito de casamento fica esvaziado de sentido, com a dita proposta.
Em primeiro lugar, a proposta é relativa aos casamentos civis, fora, portanto, do domínio da Igreja, ou supostamente fora, porque esses senhores ainda se rogam o direito de se imiscuir no que lhes transcende, mas ai também a surpresa não é grande, ou não seria essa a razão, entre outras, que está na origem da formação desta entidade. Enfim, já é uma questão de hábito, pior é mesmo as sociedades ditas laicas ainda o aceitarem, isso é que é realmente grave, e a desculpa de que a igreja teve um grande contributo social para os países ao longo da história (teve??, e estamos todos orgulhosos?), é um não argumento, a separação do estado e da igreja foi “feita” e se é essa a lei, é tão simples como respeita-la.
Segundo, e considerando as diferenças entre um casal de pessoas do mesmo sexo e entre um casal de sexo diferente, podemos concluir que para o Vaticano, o sentido único do matrimónio é a reprodução. Isto porque, no jogo dos possíveis entre os dois grupos, só vejo como não possível uma mulher fecundar outra, ou um homem engravidar. Tirando isso, e compreendendo que as pessoas, os seres humanos, têm a capacidade para se amar e respeitar, não vejo como uma união entre casais homossexuais possa ser diferente de uma união entre casais heterossexuais. Portanto, quando a Igreja afirma que o casamento entre casais do mesmo sexo é esvaziado de sentido, e sendo que a única diferença é o facto de estes casais não se poderem reproduzir, podemos concluir que os casais heterossexuais que se casam, fazem-no com o objectivo único da reprodução, sendo que questões como o amor, o respeito, a entreajuda, são vistas como questões menores, que pouco ou nada têm a ver com a razão de essas pessoas quererem passar o resto da vida juntas. Esta visão, por muito sentido que faça aos conhecedores das leis da vida, parece entrar em contradição com os níveis da natalidade presente dos casais, mas talvez que seja só uma questão da mensagem não estar a chegar aos receptores, pois que os casais parecem ainda não ter entendido que o objectivo pelo qual se casaram ficou esquecido.
Outra hipótese, que a estar certa arrasa com a minha conclusão anterior, é a de que os homossexuais serão portadores de uma doença grave e ainda misteriosa, que lhes retira a capacidade para amar e respeitar os outros, ou mesmo que eles não serão homens ou mulheres, talvez os verdadeiros extra-terrestres, ou mesmo filhos de um outro Deus, talvez mesmo o Diabo, e como tal não conhecem o amor. Esta hipótese é a que melhor serve a declaração do senhor Ministro do Vaticano, que diz que “Os Governos apresentam estas medidas como se se tratasse uma conquista da modernidade e da democracia. Na verdade, estão a cair num processo de desumanização profundo”. Processo de desumanização profundo…
Desumano – que não é humano; desnaturado; cruel; desapiedado; que não cumpre os deveres da humanidade.
(as coisas que a gente encontra nos dicionários, “que não cumpre os deveres da humanidade”, mas o que é isso? Quais são? Porque?)
Podemos então concluir, ou reformular a nossa conclusão, que de facto, e para felicidade e descanso de todos os casais heterossexuais que já efectuaram matrimónio, a reprodução não é o único objectivo do matrimónio, sendo que nele também estão considerados o amor, o respeito, a entreajuda e todas as outras coisas lindas e perfeitas que embelezam o contrato, e como tal já podem começar a exercitar novamente o milagre das relações sexuais não reprodutivas, já que como sabemos, a dita igreja não permite o uso de contraceptivos de qualquer espécie. E concluímos assim, porque o senhor Ministro do Vaticano nos elucidou acerca da verdade das verdades, afinal, os homossexuais, ou não são humanos, ou não estão a cumprir com os deveres da humanidade; e visto que o fenómeno é grande e antigo, estaremos talvez na presença de uma epidemia à escala global, ou mesmo de um qualquer castigo divino, fruto de um qualquer pecado original, que é obviamente justo que sejamos nós a paga-lo.
Em relação a esta frase: ” Dizem que existem muitos estudos de psicólogos que mostram que as crianças são felizes no seio destes casais, mas isso é mentira. Temos estudos diferentes que mostram o contrário”. Bem, parece que um deles está a mentir. Outra hipótese seria os dois estarem a mentir e a falar verdade, pois que estes filhos de Deus são gente estranha e não há dois iguais. Talvez que não se possa garantir a felicidade da criança em nenhum dos casais, quantas crianças não são infelizes e martirizadas pelos seus pais heterossexuais? Será que podemos garantir a felicidade de uma criança sempre? Parece obvio que não, talvez que sobre isso se pudesse tentar fazer alguma coisa, com cuidado, não esquecendo que estamos a entrar no domínio privado das pessoas. Mas uma coisa é certa, entre uma criança viver sem pais e sem amor, ou lhe ser dada a hipótese de ser criada num núcleo que lhe dê atenção e amor, a segunda parece ser sempre de tentar. E se um homossexual não seguiu o exemplo dos pais heterossexuais, o que nos leva a pensar que o contrário acontecerá. E eu digo, e mesmo que assim fosse?
Talvez que tenham de ser as crianças, desapegadas de leis e tradições que nos torvam o pensamento, a nos libertar, ou a se libertarem, de preconceitos que estão cheios de hipocrisia, e talvez com isso possamos melhorar um pouco o mundo, no caminho para aceitarmos as nossas diferenças.


domingo, setembro 26, 2004

Momentos eternos


Momentos eternos
presos à memória infinita
aflita
por ser quem é
por não ter liberdade

sábado, agosto 07, 2004

Imaginação

No campo das possibilidades infinitas, na eternidade e na imensidão, somos indiscutivelmente seres limitados no que podemos alvejar conhecer. Aí só a imaginação nos pode valer, só com ela podemos atravessar os caminhos do infinito.

sábado, junho 26, 2004

O problema do meu blog


O problema do meu blog é esse mesmo, ele é meu! E como tal sofre dos mesmos males que eu, ele é preguiçoso, ele só quer fazer aquilo que quer e outras tantas coisas que me definem. No entanto, o maior problema que ele tem é permitir uma enganadora paz. Aqui exerço a minha total liberdade, se não quiser "falar", não falo. E esse facto, ao mesmo tempo que inconscientemente me tranquiliza, perturba-me, pois gostava de ter mais poder de me forçar a escrever, o que acaba por se tornar num paradoxo para mim, pois acredito igualmente na armonia tranquilizadora da liberdade e na tirania perturbadora da pressão; embora a ultima me cause algum sofrimento, ambas me dão um sentimento de verdade, à falta de melhor palavra.
Sendo que a natureza naturalmente encontra o seu equilibrio, estou certo que vou caminhando para o meu.

segunda-feira, junho 07, 2004

Lugar em tudo diferente


Caminhava sozinho
na estrada perdida
nos caminhos predilectos da liberdade
distraído da vontade
e do medo

tropecei em ti
para cair, não sei onde foi
talvez no lugar nenhum
ao lado do fim do Mundo
vizinho do buraco sem fim
lugar em tudo diferente
talvez doutra dimensão

Caminhávamos sozinhos
na estrada perdida
nos caminhos predilectos da liberdade
distraídos da vontade
e do medo

voávamos sem destino
inocentes da queda
ou conscientes
que pássaros como nós não caem
voam
para o lugar nenhum
ao lado da incerteza
lugar em tudo diferente
talvez doutra dimensão

Caminhava sozinho
na estrada perdida
nos caminhos solitários da liberdade
distraído da vontade
e do medo

tropecei em mim
para cair, não sei onde foi
talvez no lugar nenhum
ao lado do fim do Mundo
vizinho do buraco sem fim
lugar em tudo diferente
talvez doutra dimensão

quarta-feira, junho 02, 2004

Ditos

A dificuldade por vezes não está no saber,
está no realmente sentir o que sabemos.

segunda-feira, maio 31, 2004

Ditos


Raramente uso as palavras dos outros. Em parte porque a minha memória não o permite e em consequência disso, porque me habituei a usar as minhas, que obviamente são fruto das minhas próprias reflexões, que são culpa do que vivi, do que senti, do que li. Se elas por vezes vão ao encontro das palavras dos outros, ou pelo menos ao seu conteudo em termos de ideias, é porque até hoje não consegui a minha transcendentalização:continuo a ser humano.
Isto só para dizer que hoje vou fazer aqui uma pequena excepção, inédita no meu blog.
Demócrito escreveu esta pequena frase há mais de 2000 anos, que é um pequeno exemplo de como coisas pequenas têm o poder de se alastrar, e também, penso, mostra o que pouco ou nada mudou na nossa sociedade em termos de percepção do que é esta coisa a que chamamos "vida".
E a frase é esta:

" O mundo não passa de mudança, a vida o que dela se pensa."

domingo, maio 09, 2004

Sem título

Era noite
e de repente caminhávamos de mão dada
inocentes
do que sabíamos, nos estava destinado.

quarta-feira, abril 28, 2004

Bom tempo

O bom tempo tem destas coisas,
a gente bebe uma cerveja
a gente apanha com o sol na cara
a gente escuta uma música...
e a gente voa
a gente sai
fechamos os olhos
abrimos os olhos
devagar...
somos felizes nestes momentos
eternos no momento
fugazes na vida,
isto é nada
nada é mesmo
mas a vida são pequenos nadas
insignificantes como estes
mais ou menos saborosos,
lembro-me do amor...
amor é bom!
sim, eu gosto, é bom!
corpo de mulher, é carne, é cheiro, é toque
concentro-me no momento...
corpo de mulher
mulher
fonte de prazer
de encontro e reencontro,
divago
procuro
escuto
aprendo
talvez sem o saber,
mas isso a gente vê mais tarde...

cerveja que acaba, música que muda, cigarro que morre,
fugazes são os momentos
encontramo-los para saber que os perdemos,
o tempo
ó tempo
deixa-me o teu segredo
quero a eternidade ao segundo...

segunda-feira, abril 26, 2004

Fuga, ou procura da verdade

Saio disposto a provocar o vento
quero senti-lo na minha cara
no meu corpo ausente de mim

a velocidade é automática
ja sei o que quero
quero ir sozinho
sem dor nem cansaço
sem corpo
e até sem alma...

e la vou caminhando no vazio
no refrescante vazio...
e o mundo deixa de ser branco

existem cores e sabores à minha volta
e eu caminho por entre os seus intocáveis sentidos
sozinho...

agora podia ser apenas imaginação e eu fico feliz pela descoberta
é fuga para um novo reencontro
é apenas vento que sopra
água que corre...

domingo, abril 18, 2004

Ditos

Numa tarde de primavera, ao Sol e ao vento, fecho os olhos e respiro fundo...sinto o fresco do ar que me penetra e refresca...como não sorrir?

terça-feira, março 02, 2004

Que se soltem os Ursos e os Leões


Este fim de semana fez-me lembrar a última vez que fui ao jardim zoológico. Estava num bar em Alcobaça e a dado momento um sujeito que estava barbaramente embriagado teve o reflexo de tirar a sua T-shirt. Digo reflexo, porque me custa a acreditar que tal personagem estivesse na posse de alguma racionalidade(que me pudesse levar a pensar que ele de facto pensou), designação essa que é usada para nos diferenciar a nós humanos do resto das espécies animais, embora a esse respeito eu tenha ainda as minhas dúvidas se a designação é a mais acertada. A partir do momento que tirou a T-shirt, e extasiado pela auto-admiração do seu musculado e tatuado corpo, o sujeito encetou uma prolongada e assustadora dança, só comparável ao dançar de um camião Tir desgovernado na IP5. No entanto, e para sorte dos muitos presentes, o perigo não foi além de umas pisadelas e encontrões, sem contar com o malfadado cheiro que emanava do seu suor, que qualquer advogado de meia tijela Americano poderia facilmente provar tratar-se de uma poderosa arma quimica. Porém, a macacada acabou quando o dono do bar, a pedido de muitas familias, foi falar com o sujeito para o convencer a vestir a sua roupagem, coisa que ele dócilmente fez, ficando assim provado que o seu mal não era fome.
Ora esta história só me trazia à memória a hipocrisia que por aí anda, pois que enquanto uns andam por aí injustamente enjaulados, outros arrastam-se injustamente livres. Mas eu sou pela liberdade, que se soltem os Ursos e os Leões.

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

Fora, cá dentro

Mas que tenho eu, que no sei o que tenho
A realidade parece-me mais próxima quando durmo
pois que alí sei que me pertenço
Cá fora,acordado,pertenço a ninguém
sou vagabundo perdido num mundo branco
não distingo cores nem sabores
e se caminho não o sei.

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Ditos

Aguardo a esperança de me encontrar perdido na procura,
procurando não me perder.
Novidade já gasta pela monotonia

Entrei num lugar desconhecido
como todos os outros que conheço,
reparo que havia algo alí já sentido...
novidade já gasta pela monotonia e sem preço.

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Apenas


Em jeito de aventura cosmonáutica do pensamento, qual capitão Kirk comandando a sua Enterpreise em torno e em volta do sem fim cerebral, universo de ideias infinitas e infinitamente presentes na sua aparente ausência, proponho-me desvendar o mistério insolúvel, para vos apresentar as conclusões inexistentes.
O presente e o futuro, são duas a mesma, são ambas o passado.Passado que foi presente na sua inexistência sentida. Porque o sentimento apenas existe se o considerarmos fora do ser fisico, se o considerarmos imortal, transcendental, qual substância que existe não a sendo. Será portanto, uma existência de outra dimensão, da dimensão inimaginável, improvável aos nossos olhos, apenas presente na nossa imaginação, no nosso instinto mistico do presentimento. A verdade aqui é impossivel, hoje, no tempo que não existe, que nunca existirá.
São apenas palavras,
são apenas ideias atiradas,
é apenas imaginação.
Diário de um jovem motivado


Acordo estremunhado, dormi muito ou pouco, não sei. Vejo as horas...dormi muito. Tenho dormido muito ultimamente, mas sinto que isso não me tem dado descanso. Levanto-me, tento-me levantar, levanto-me. Visto as calças, faço-o sem pensar, são as de sempre...de sempre. Tropeço na rotina, caio no sofá, sento-me, deito-me. Preciso de um café, chá, algo que me acompanhe o cigarro de sempre...de sempre. Olho em todas as direcções sem olhar para lado nenhum, cheiro, respiro, falo. Falo? É noite. É noite? Hoje já é ontem, vou dormir.



segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Insónia

Procuro perder-me na escuridão
e perco-me nos pensamentos,esses tão claros
Caminho deitado
e vejo de olhos fechados um presente passado e um futuro presente
Canso-me de um suor invisivel
sem que o meu corpo sinta o sinal do movimento

Desperto enfim
já cansado deste despertar que não me cansa,mas aflige
Fumo um cigarro
Olho o infinito
e procuro distrair-me do que me distrai
Mas não por muito tempo
já é tarde e eu quero mesmo dormir

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Marinheiro de água salgada

Sou marinheiro de água salgada
num veleiro

navegando nas lágrimas
sobre elas

aguardando o dia do meu naufrágio
não tanto como a morte

com a coragem nas mãos
pronta a ser largada

e desejando a vista terra salvadora
abismo pior que a morte
Quero encontrar a estrada perdida

Quero encontrar a estrada perdida,
para me perder no seu encontro
e me encontrar na sua perdição.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Vida, a minha primeira desilusão


Sim, talvez que tenha sido isso, desde o inicio não gostei. Não gostei que me tirassem da barriga da minha mãe, lá estava quente e cá fora estava frio -A minha primeira desilusão. A partir daí foi uma sucessão de desilusões sobre desilusões. A dor, a obrigação, o frio e calor, coisas para as quais não via sentido de existir, porque me incomodavam...e que mundo era esse, que coisa era essa para a qual me tinham atirado, que tão facilmente poderia ser mais perfeita...era só não haver essas coisas. E esse tal Deus que me falavam, com o seu supremo poder...tantas vezes chorei pela Rosa da terceira classe, pela Eva do segundo ano do ciclo...odiei-o desde então. E só não foi para sempre porque depois veio a descrença, e o odio deixou de fazer sentido -desde muito novo percebi a lógica- só se odeia aquilo que existe.
Talvez por isso me tenha refugiado nos meus sonhos, a solução era passar o menor tempo possivel no mundo que me desagradava...mas talvez que o prazer que tirava das minhas fugas suplantava o desagrado. E era tão melhor o meu mundo...não para os outros, eu era dono e senhor, era o heroi, todos vencia e todas as mulheres que amava me amavam perdidamente, só havia espaço para a felicidade, a minha felicidade. Afinal eu queria um mundo melhor, eu criança. A solidariedade ou nasce conosco ou se aprende, com disciplina. A disciplina sempre foi para mim um sofrimento e desde que nasci só sentia a
minha dor, só a minha dor me interessava -trocava de boa mente e sem pestenejar a minha dor de cabeça pela destruição de qualquer sistema solar, o meu ou outro (hoje adulto já não é só a minha dor que me interessa, mas continuo a preferir a destruição do Universo a qualquer dor que me incomode). A solidariedade não apareceu na minha vida, portanto, pelo facto de começar a sentir a dor dos outros. Apareceu pela lógica -não faças aos outros aquilo que não gostavas que te fizessem a ti. No entanto, aquilo que pensamos nem sempre acompanha aquilo que fazemos, é preciso disciplina, a tão sôfrega disciplina. E uma coisa é jogar sozinho, outra é jogar com biliões.
...E mais não me apetece dizer, e o que não me apetece causa-me sofrimento...E o quê!!!???Até aqui!!!???Na minha própria página!!!???Até aqui me vão julgar!!!!??Porra para as putas das morais, mas agora já não se pode expressar opiniões e ir de acordo com elas!!!?Nem mesmo desta forma inocente!!!???Na minha página!!!!!????Pois que tudo vá pelos ares e a caminho levem-me!!!!!

domingo, fevereiro 01, 2004

A tristeza, a alegria e eu


Andamos juntos, de mão dada, nós três-Eu tu e tu. Mas nós não somos três, somos eu e vocês e umas vezes eu e tu e outras eu contigo. São filhas do mesmo pai, mas tão diferentes são as igualmente belas irmãs...as nossas irmãs. E eu também sou a relação com elas, tal como tu. E às vezes brincamos todos juntos, e rimo-nos das nossas brincadeiras...sim, é verdade, brincamos juntos, todos.

sábado, janeiro 31, 2004

No refúgio da noite

No refúgio da noite
fumo o cigarro da solidão
fumo as lágrimas escondidas e repetidas
e amanhã
tal como no deserto
o sol secará a água inexistente

sexta-feira, janeiro 30, 2004

Sou

Sou como o pássaro que voa
como o vento que sopra sem pré-aviso
Sou barco à deriva na deriva do mar incerto
acção e reacção
Sou também fruto da imaginação
Sou loucura e coragem disfarçada
Sou medo do que não consigo disfarçar
Sou eu em todas as formas encontradas
Sou viajante errante em estrada perdida
Sou caminho por construir e saudade do que não conheço
Sou do oito ao oitenta
Sou verdade e mentira em simultâneo
Sou confirmação da contradição
Sou presente revisitado até ao esquecimento
Sou também a memória do esquecimento
E talvez deixe de ser quando a memória ficar esquecida.
Ditos

Estou preso,de mãos amarradas,não consigo fugir,é mais forte que eu...sou eu,o eternamente mutável eu!
?

Venho de onde não estive
Vou para onde não vou estar
Entretanto cá vou estando
Até o entretanto se acabar
...e o que é que isto me faz pensar?

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Ditos

Sim eu sei,
as regras são importantes
sim,sim,eu sei,
as regras são para se respeitar
sim,sim,sim,
elas sempre existiram!
Mas porra,
não foram sempre as mesmas!

terça-feira, janeiro 27, 2004

Silêncio profundo

Por vezes o que me vai na alma é um silêncio profundo
tipo poço sem fundo
um vazio completo
como os pensamentos de um feto
descubro repetidamente o vazio do universo
até que o infinito me aparece
sinto-me desaparecer
não porque esteja a ficar mais pequeno
mas porque tudo à minha volta cresce
até ao ponto em que a palavra deixa de fazer sentido
até ao ponto em que se desvanece