domingo, dezembro 05, 2004

Simplificar

Acredito que o mundo, o universo, é construído sobre bases simples, infinitamente simples à medida que diminui a sua proporção. Em analogia, poderíamos associar o mundo físico a uma eterna construção de peças de lego, com infinitas formas. Se tentarmos ver a forma total, ela aparece-nos como extremamente complexa, mas se procurarmos a sua base, os seus ínfimos pedaços, veremos que se trata de uma simples sobreposição de simples peças sobre outras, e percebemos mais facilmente ali o porquê de uma peça ter sido posta em determinada posição, e o porquê de uma composição de peças resultar numa forma, e outra composição noutra. Se quisermos, podemos fazer a mesma analogia para o mundo não físico, basta associar a cada situação uma peça, e a combinação de situações seguirá igualmente uma lógica, da mesma forma que as peças (só um cubo encaixa perfeitamente noutro, uma outra forma qualquer associada a um cubo deixará espaços, interstícios entre eles, e existem infinitas construções possíveis se usarmos infinitas combinações entre peças).
Quando estudamos determinado assunto, não estamos mais que a decifrar o puzzle, a descobrir a sua história, a adivinhar a sua construção. Na matemática, começamos por conhecer os números, que serão as peças, e depois passamos às suas combinações simples, aprendemos a somar e a dividir, que serão as formas mais simples da construção do lego. A partir dai a matemática não é mais que combinações destas formas simples, a lógica é sempre a mesma, a sua complexidade advém das inúmeras combinações que estão implicadas, ou no caso do lego, nas inúmeras possibilidades de montar formas, e mais formas com as existentes.
Em qualquer outra ciência, exacta ou não exacta, a lógica da construção mantém-se, mudando apenas a lógica em si mesma de cada ciência. No entanto, em tudo, o que está atrás influencia o que está à frente, as acções provocam reacções, e se queremos decifrar algo, para tal basta conhecer a sua história, todos os factores e variáveis que o influenciam e estiveram por trás do seu aparecimento. Para determinadas ciências (no fundo para todas, mas umas mais que outras, aparentemente), as variáveis ou os factores são tantos, que a sua completa decifração se nos apresenta como impossível.

Isto para dizer que para complexo já nos chega o mundo, e se pretendemos evoluir mais rapidamente na sua compreensão precisamos simplificar o que pode ser simplificado e tentar simplificar o que aparentemente não pode, para que as novas variáveis que vamos tomando conhecimento não se tornem cada vez mais um fardo, e uma complexidade extra ao já de si complexo (simplificar no sentido de reduzirmos o conteúdo informativo sem com isso perdermos o essencial).

E obviamente que deixaria a arte fora deste contexto, ai, simples ou complexa, o que eu gostaria era que ela tivesse liberdade.

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