sexta-feira, fevereiro 20, 2004

Fora, cá dentro

Mas que tenho eu, que no sei o que tenho
A realidade parece-me mais próxima quando durmo
pois que alí sei que me pertenço
Cá fora,acordado,pertenço a ninguém
sou vagabundo perdido num mundo branco
não distingo cores nem sabores
e se caminho não o sei.

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Ditos

Aguardo a esperança de me encontrar perdido na procura,
procurando não me perder.
Novidade já gasta pela monotonia

Entrei num lugar desconhecido
como todos os outros que conheço,
reparo que havia algo alí já sentido...
novidade já gasta pela monotonia e sem preço.

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Apenas


Em jeito de aventura cosmonáutica do pensamento, qual capitão Kirk comandando a sua Enterpreise em torno e em volta do sem fim cerebral, universo de ideias infinitas e infinitamente presentes na sua aparente ausência, proponho-me desvendar o mistério insolúvel, para vos apresentar as conclusões inexistentes.
O presente e o futuro, são duas a mesma, são ambas o passado.Passado que foi presente na sua inexistência sentida. Porque o sentimento apenas existe se o considerarmos fora do ser fisico, se o considerarmos imortal, transcendental, qual substância que existe não a sendo. Será portanto, uma existência de outra dimensão, da dimensão inimaginável, improvável aos nossos olhos, apenas presente na nossa imaginação, no nosso instinto mistico do presentimento. A verdade aqui é impossivel, hoje, no tempo que não existe, que nunca existirá.
São apenas palavras,
são apenas ideias atiradas,
é apenas imaginação.
Diário de um jovem motivado


Acordo estremunhado, dormi muito ou pouco, não sei. Vejo as horas...dormi muito. Tenho dormido muito ultimamente, mas sinto que isso não me tem dado descanso. Levanto-me, tento-me levantar, levanto-me. Visto as calças, faço-o sem pensar, são as de sempre...de sempre. Tropeço na rotina, caio no sofá, sento-me, deito-me. Preciso de um café, chá, algo que me acompanhe o cigarro de sempre...de sempre. Olho em todas as direcções sem olhar para lado nenhum, cheiro, respiro, falo. Falo? É noite. É noite? Hoje já é ontem, vou dormir.



segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Insónia

Procuro perder-me na escuridão
e perco-me nos pensamentos,esses tão claros
Caminho deitado
e vejo de olhos fechados um presente passado e um futuro presente
Canso-me de um suor invisivel
sem que o meu corpo sinta o sinal do movimento

Desperto enfim
já cansado deste despertar que não me cansa,mas aflige
Fumo um cigarro
Olho o infinito
e procuro distrair-me do que me distrai
Mas não por muito tempo
já é tarde e eu quero mesmo dormir

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Marinheiro de água salgada

Sou marinheiro de água salgada
num veleiro

navegando nas lágrimas
sobre elas

aguardando o dia do meu naufrágio
não tanto como a morte

com a coragem nas mãos
pronta a ser largada

e desejando a vista terra salvadora
abismo pior que a morte
Quero encontrar a estrada perdida

Quero encontrar a estrada perdida,
para me perder no seu encontro
e me encontrar na sua perdição.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Vida, a minha primeira desilusão


Sim, talvez que tenha sido isso, desde o inicio não gostei. Não gostei que me tirassem da barriga da minha mãe, lá estava quente e cá fora estava frio -A minha primeira desilusão. A partir daí foi uma sucessão de desilusões sobre desilusões. A dor, a obrigação, o frio e calor, coisas para as quais não via sentido de existir, porque me incomodavam...e que mundo era esse, que coisa era essa para a qual me tinham atirado, que tão facilmente poderia ser mais perfeita...era só não haver essas coisas. E esse tal Deus que me falavam, com o seu supremo poder...tantas vezes chorei pela Rosa da terceira classe, pela Eva do segundo ano do ciclo...odiei-o desde então. E só não foi para sempre porque depois veio a descrença, e o odio deixou de fazer sentido -desde muito novo percebi a lógica- só se odeia aquilo que existe.
Talvez por isso me tenha refugiado nos meus sonhos, a solução era passar o menor tempo possivel no mundo que me desagradava...mas talvez que o prazer que tirava das minhas fugas suplantava o desagrado. E era tão melhor o meu mundo...não para os outros, eu era dono e senhor, era o heroi, todos vencia e todas as mulheres que amava me amavam perdidamente, só havia espaço para a felicidade, a minha felicidade. Afinal eu queria um mundo melhor, eu criança. A solidariedade ou nasce conosco ou se aprende, com disciplina. A disciplina sempre foi para mim um sofrimento e desde que nasci só sentia a
minha dor, só a minha dor me interessava -trocava de boa mente e sem pestenejar a minha dor de cabeça pela destruição de qualquer sistema solar, o meu ou outro (hoje adulto já não é só a minha dor que me interessa, mas continuo a preferir a destruição do Universo a qualquer dor que me incomode). A solidariedade não apareceu na minha vida, portanto, pelo facto de começar a sentir a dor dos outros. Apareceu pela lógica -não faças aos outros aquilo que não gostavas que te fizessem a ti. No entanto, aquilo que pensamos nem sempre acompanha aquilo que fazemos, é preciso disciplina, a tão sôfrega disciplina. E uma coisa é jogar sozinho, outra é jogar com biliões.
...E mais não me apetece dizer, e o que não me apetece causa-me sofrimento...E o quê!!!???Até aqui!!!???Na minha própria página!!!???Até aqui me vão julgar!!!!??Porra para as putas das morais, mas agora já não se pode expressar opiniões e ir de acordo com elas!!!?Nem mesmo desta forma inocente!!!???Na minha página!!!!!????Pois que tudo vá pelos ares e a caminho levem-me!!!!!

domingo, fevereiro 01, 2004

A tristeza, a alegria e eu


Andamos juntos, de mão dada, nós três-Eu tu e tu. Mas nós não somos três, somos eu e vocês e umas vezes eu e tu e outras eu contigo. São filhas do mesmo pai, mas tão diferentes são as igualmente belas irmãs...as nossas irmãs. E eu também sou a relação com elas, tal como tu. E às vezes brincamos todos juntos, e rimo-nos das nossas brincadeiras...sim, é verdade, brincamos juntos, todos.