sexta-feira, novembro 24, 2006

Sexo, ou simplesmente a vida.

Um dia estava a falar com um amigo meu sobre um texto que tinha escrito sobre a homossexualidade. Ele ficou surpreendido (para minha surpresa), por eu achar normal a homossexualidade. Tenho em grande consideração intelectual este meu amigo, e sempre que nos encontramos, somos levados automaticamente para tertúlias sobre o tudo e o nada. Mas temos uma diferença; eu sou ateu, e ele é gnóstico, e esse facto gera aguerridas argumentações de parte a parte, na tentativa de exposição das nossas ideias. Bastante interessantes, devo dize-lo.
Baseando-se numa teoria muito antiga, o meu amigo explicou-me que haveria uma posição sexual perfeita, em que os dois corpos estariam entrelaçados um no outro, sentados, e onde o pénis entraria na vulva nessa posição. Essa seria a posição sexual mais harmónica, e ele deu-me as explicações para tal, que não me recordo agora. Também não me recordo exactamente do teor da conversa, mas no fundo o que ele me quis dizer, era que o sexo anal não era harmónico, e talvez me tenha dito mesmo que não era natural (aqui surpreendeu-me outra vez, porque ele não era apenas contra a homossexualidade, era também contra o sexo anal).
Ora bem, eu não duvido, nem preciso duvidar, da sabedoria a que ele apela, muito antiga e certamente muito certa. Que haja uma posição sexual perfeita, harmónica, em que as nossas energias flúem para um orgasmo de felicidade e nirvana! Mas esse não é o mundo onde ele vive, e digo-o mesmo, não é o mundo onde ele quer viver! E podemos olhar para esta questão sobre dois pontos de vista: o físico, e o emocional.
Influenciado pela teoria da criação bíblica, onde o mundo teria sido formado pelo criador, de uma forma perfeita, o homem sempre olhou, e tentou olhar, o mundo como um conjunto perfeitamente harmónico e perfeito. E esse facto levou o homem a cair no erro muitas vezes. Há vários exemplos, desde a génesis, e as teorias da criação da terra, que foram sendo contrapostas pela geologia desde o século XIX. (o engraçado aqui, é que foi a própria igreja que financiou esses estudos, e muitos dos cientistas eram homens da igreja, que se viram confrontados com o facto de terem de contradizer o livro sagrado), na astronomia, onde várias teorias davam a órbita dos planetas como sendo em circulo perfeito, por ser essa a forma geométrica perfeita, associando-a à perfeição do criador, e que depois foi descoberto que a órbita dos mesmo era em elipse. E exemplos destes há mais, mas escusamos de passar pela seca de ler todos esses livros históricos, e científicos, se tal não quisermos. Basta olhar à nossa volta! A natureza não é harmónica em todos os pormenores. As bordas dos rios e da Costa Oceânica não são linhas rectas, as árvores não são quadradas, nem círculos, as nuvens não são esferas perfeitas, as rochas não são homogéneas. Ou seja, o mundo físico é feito de ordem e caos, de acasos, e as harmonias e os equilíbrios são sempre gerais, e temporais. Há harmonias, mas dentro dessas harmonias há o acaso, há as linhas de fronteira, como já aqui falei num texto neste blog. Há uma harmonia na natureza, onde há as árvores, há os animais, as rochas, mas feita de equilíbrios e desequilíbrios, feita de acções dadas pelo fisicamente possível (a terra mexe-se, as árvores têm diferentes formas, a atmosfera luta pelo equilíbrio entre o oxigénio e o dióxido de carbono, os animais têm diferentes formas, etc., etc.). Sendo o homem parte da natureza, e vivendo em simbiose com ela, é natural que se comporte como ela. Influenciados pela natureza que nos envolve, temos homens de pele clara no norte, de pele escura no sul. Influenciados pela cultura social de cada povo, temos homens que casam com uma mulher, e homens que casam com 5. Influenciados pelas células que constituem a nossa língua, temos homens que gostam de maças, e homens que não gostam de maças. Influenciados pela arte e imaginação, temos o Picasso, e temos o Andy Warhol. Influenciados pelo que nos é permitido procurar e gostar, dentro da nossa mente, temos a penetração anal, o sexo homossexual, a pedofilia, e temos o que queremos ou desejamos descobrir. As possibilidades físicas e emocionais são infinitas, a imaginação é o único meio que temos de percorrer os caminhos do infinito! O facto de as nossas atitudes humanas nos parecerem antinaturais, são apenas fruto do conflito entre a ordem social que criamos, e nos habituámos, e os nossos instintos; são o conflito entre a nossa tendência para criar a ordem, e a tendência para criar o caos; são o conflito entre a necessidade de tudo entender, num universo de conhecimento infinito, onde o que não conseguimos absorver, simplificamos com o misticismo.
Duvido que o meu amigo gostasse de viver num mundo “perfeito”, onde as pessoas seriam todas perfeitas, lindas, onde as árvores seriam quadradas, onde as nuvens fossem todas perfeitamente iguais e simétricas, onde não houvessem vulcões, nem escarpas, nem cascatas. Duvido que o meu amigo gostasse de viver numa sociedade onde não existisse arte e imaginação, que fugissem da perfeição já criada. Duvido que o meu amigo gostasse de estar limitado a tocar apenas nos pontos “perfeitos” da pessoa amada, que estivesse condicionado a apenas amar o que pode ser amável.
Temos muita coisa que desconhecemos no mundo, muita coisa que nos traz sofrimento, muita coisa que vemos sem sentido, mas esse é o preço que temos de pagar por sermos como somos, é a nossa sina, sermos humanos, com a capacidade de criar a beleza, e o terror, e termos consciência disso.

2 comentários:

Mauro Pereira da Silva disse...

Desculpe a sinceridade, mas todas as letras que você gastou na matéria me pareceram completamente sem fundamento. Se vc é ateu, como eu, deveria se aprofundar na ciência. Freud, o fundador da psicanalise dizia que o homossexualismo é baseado em 3 coisas: 1. complexo de Édipo 2. Narcisimos e 3. Castração. É um desvio de personalidade sim, e passivel de terapia. Só que misteriosamente, ninguém fala sobre o assunto pelo lado psiquiatrico. Assim como a industria farmaceutica investe muito em propagandas, a industria do sexo (que vende cremes, camisinha, acessorios, etc) gasta bilhões para incultir na cabeças dos não-pensantes a idéia de que homossexualismo é normal. Eles lucram muito com isso. Se fosse natural, gerava filhos. Se vc deixar 500 casais num planeta deserto, daqui há 100 anos vc terá uma civilização. Se deixar 100 mulheres, dentro de 100 anos só encontrará ossos. Desculpe, novamente, respeito a opinião alheia, mas a sua é completamente sem propósito. Analise acoisa friamente, de forma cientifica. E outra coisa. Pergunte a um proctologista o que acontece com o ânus após vários anos de penetrações. trabalhei num hospital publico e não preciso de nenhum medico para me dizer: vi casos de sangramento, relaxamento de esfincteres (o paciente não segurava mais as fezes), cancer retal (dê busca na net sobre isso, há relação direta entre esta doença e a prática anal), e fissuras anais.

Anónimo disse...

Só hoje aqui cheguei e tenho pena.

Para já peço desculpa ao autor Atalívio pelo atraso e muitos parabéns pelo blog ;)

Sobre o comentário do Sr. Phylos, poderia dizer tantas e tantas coisas sobre o tema em questão, mas não me apetece.

Poderia falar de Freud, Édipos e Electras, já que sou formada em Psicologia, mas mais uma vez não me apetece mesmo.



Não, por acaso agora já me apetece.

É que fico sempre logo muito cansada quando me deparo com estas reacções tão veementes acerca de assuntos como este, em que todos acham que têm que ter uma opinião acerca do foro pessoal dos outros. Mas dormem mal á noite por causa disso, é? Têm insónias, porque há quem pratique sexo anal? Ficam muito preocupados com o … do vizinho? Eles agradecem, mas acho que dispensam a preocupação…

E gostava de perguntar se a homossexualidade é um desvio da personalidade passível de ser tratado em terapia, quantos casos conhece o Sr. Phylos em que um homo passou a hetero? E se não se conhecem casos, será que afinal a terapia psicológica é uma grande mentira ou é tudo feito no maior dos secretismos? E porque? Como diz, é um mistério a psiquiatria não falar nisso realmente, porque como os homossexuais têm uma "vidinha fácil" e preferem ser gozados e discriminados a serem “tratados”, deve mesmo ser uma pura perda de tempo a psiquiatria colocar ao dispor esse tratamento misterioso. Será que a homossexualidade é afinal um problema químico possível de ser tratado pela indústria farmacêutica, mas esta não lhe apetece fazer mais $ disso? Será que há terapias para nos sentirmos atraídos pelo género certo, pela pessoa certa? É que dava tanto jeito.


Depois com o seu comment, podemos deduzir que :

a) só tem sexo quem quer ter filhos

b) as pessoas que optam por não ter filhos, não tem sexo

c) as pessoas que tem um filho, só tiveram sexo uma vez.

d) a industria do sexo vende camisinhas/preservativos aos “não pensantes”, porque os que pensam já conhecem as 3 alíneas anteriores e não precisam de usar acessórios sexuais

Atalivio, resta-me concluir que o nome do blog é do mais adequado aqui neste caso: Sim. Realmente cada um tem a ignorância que merece.