terça-feira, março 17, 2009

O autor

O autor é apenas o canal por onde passa a mensagem

e a mensagem

apenas uma gota no Oceano

terça-feira, fevereiro 26, 2008

"poema em linha recta"

Ultimamente não consigo olhar para Portugal sem me lembrar do “poema em linha recta”, do meu tão favorito Fernando Pessoa.
Portugal é um País de Deuses! De seres perfeitos! Ó, mas como eles são infelizes, obrigados a conviver com os outros Deuses, imperfeitos aos seus olhos, incapazes de uma atitude digna!
Como eu gostava, meu fofo e pequeno País, que fosses habitado por seres mortais, com defeitos e conscientes da sua ignorância, e assim pudessem usar a cabeça bem alta, não para se louvarem, mas para olharem à sua volta, e perceberem que não estão sozinhos.

E só naquela, deixo aqui o poema:


Álvaro de Campos

Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Deixem-me estar!

Parem
Não me empurrem
Deixem-me estar
Não quero ter de vos dizer
Eu não tenho que vos dizer
E odeio sentir que a isso sou obrigado
E dize-lo seria mais que inútil
Eu soaria confuso, e vocês confundiriam a minha confusão
Eu não vos pertenço
Eu nem sinto que me pertenço
E não me achem arrogante
Aliás, e por favor, coíbam-se de me achar
Porque eu finjo que vocês não me acham

Deixem-me estar
Aqui ao vosso lado
A gostarmo-nos
Ou a sermo-nos indiferentes

domingo, dezembro 24, 2006

Blog para adultos

Bem, é a primeira vez que isto me acontece, mas parece que o meu blog tem conteudo para adultos. Estou na Argentina, num ciber café, e quando tento entrar no meu blog, diz que tem conteudo adulto, e fecha-me a janela! Estou a ser censurado na Argentina!!!! É impossivel o meu blog ter conteudo adulto, ou qualquer outro tipo de conteudo. Ele é tao chato que ninguem o lê!!!Nao ha forma de ele prejudicar alguem!

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Mulher de Mel

Mulher de mel
de carne salgada
e pele macia

Quero cheirar o teu desejo
de rosas e fogo
e chegar fundo
na tua alma
na delicadeza de um beijo ardente

Quero percorrer elegantemente o teu corpo
com minhas mãos atrevidas
e penetrar fundo
nos teus mistérios
percorrendo
e revelando
os seus segredos infinitos
escondidos
na tua magia de mulher

domingo, dezembro 17, 2006

Sobre o blog

Muitos dos textos que aqui escrevo, principalmente os que são uma espécie de poemas ( digo espécie de poemas, porque não tenho cultura poética suficiente para dizer que o que faço são poemas, e também não me interessa se o são; é apenas uma forma de escrever que me agrada), são na sua maioria histórias, coisas que vivi, que senti, ou que pensei. Como tenho uma péssima memória, são talvez a forma que encontrei de gravar sentimentos para mais tarde poder olha-los, como se fotografias fossem. Por esse motivo, eles não têm uma ordem cronológica. Posso estar feliz, quando escrevo sentimentos de tristeza, e triste, quando escrevo sentimentos de felicidade. A ordem, tem apenas a ver com a inspiração de os escrever, ou com o acaso. Tenho sentimentos passados numa espécie de lista de espera para os escrever, ao mesmo tempo que posso escrever sobre o presente, dependendo mais de uma vontade que tenho e que desconheço, que controla o que em cada momento me sai, do que do esforço laborioso em me dedicar a escrever sobre o que quero.
No entanto, não aviso, nem quero avisar, se o que escrevo é sobre o que estou a sentir no momento, ou se é sobre algo que já senti; porque este blog não é um diário, nem um espaço feito propositadamente para os outros, mas antes um espaço que criei para me obrigar a escrever, e tirar prazer em me ler.
Sou muito vaidoso com o tipo de inteligência que me arrogo ter, que eu acho que é notória na forma paradoxalmente arrogante e humilde como escrevo, ou como julgo escrever, e pensar. E desconheço se o que escrevo é agradável a quem o lê; sei que a minha vaidade gostaria que assim o fosse, mas o prazer que retiro de escrever já me enche a alma de satisfação.

domingo, dezembro 10, 2006

Choro, de lágrimas já choradas

Ó Vida!
que sabes ter tristezas tão belas
lágrimas tão doces
de amor que sofre

Vida eterna!
de quem a vive
intensamente
de amor
e sofrimento

Quero enamorar-me
pela sua beleza
e ganhar e perder
na inevitabilidade de não poder sempre vencer

Ai!
que a dor tem sonoridade
Ai!
que o sentimento tem dor
Ai!Ai!Ai!
que a vida sabe ser tão bela!

E eu choro
olhado pela sua indiferença
mas não enganado
pela sua eternidade

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Novo Blog

Para quem não reparou, criei um novo blog. O link está ai na coluna da esquerda.
Comecei uma viagem solitária pela América do sul, com inicio em São Paulo, e pretendo ir deixando umas fotografias, e uns textos sobre a viagem no novo blog. Já lá estão algumas, de São Paulo. No entanto, não vou abandonar este, porque este me serve para outro tipo de textos, que pretendo ir continuando a escrever.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Maria Cigana

Sorriso inocente
de menina que quer saber
de mulher que é
que o corpo já o disse

Força de vontade
na vontade da força
que em novelos de lã delicada se mexe
em ritmos escondidos
que vão nascendo
como numa flor
pela manhã
com o sol
da musica
que a transcende
e a faz ser quem é.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Sexo, ou simplesmente a vida.

Um dia estava a falar com um amigo meu sobre um texto que tinha escrito sobre a homossexualidade. Ele ficou surpreendido (para minha surpresa), por eu achar normal a homossexualidade. Tenho em grande consideração intelectual este meu amigo, e sempre que nos encontramos, somos levados automaticamente para tertúlias sobre o tudo e o nada. Mas temos uma diferença; eu sou ateu, e ele é gnóstico, e esse facto gera aguerridas argumentações de parte a parte, na tentativa de exposição das nossas ideias. Bastante interessantes, devo dize-lo.
Baseando-se numa teoria muito antiga, o meu amigo explicou-me que haveria uma posição sexual perfeita, em que os dois corpos estariam entrelaçados um no outro, sentados, e onde o pénis entraria na vulva nessa posição. Essa seria a posição sexual mais harmónica, e ele deu-me as explicações para tal, que não me recordo agora. Também não me recordo exactamente do teor da conversa, mas no fundo o que ele me quis dizer, era que o sexo anal não era harmónico, e talvez me tenha dito mesmo que não era natural (aqui surpreendeu-me outra vez, porque ele não era apenas contra a homossexualidade, era também contra o sexo anal).
Ora bem, eu não duvido, nem preciso duvidar, da sabedoria a que ele apela, muito antiga e certamente muito certa. Que haja uma posição sexual perfeita, harmónica, em que as nossas energias flúem para um orgasmo de felicidade e nirvana! Mas esse não é o mundo onde ele vive, e digo-o mesmo, não é o mundo onde ele quer viver! E podemos olhar para esta questão sobre dois pontos de vista: o físico, e o emocional.
Influenciado pela teoria da criação bíblica, onde o mundo teria sido formado pelo criador, de uma forma perfeita, o homem sempre olhou, e tentou olhar, o mundo como um conjunto perfeitamente harmónico e perfeito. E esse facto levou o homem a cair no erro muitas vezes. Há vários exemplos, desde a génesis, e as teorias da criação da terra, que foram sendo contrapostas pela geologia desde o século XIX. (o engraçado aqui, é que foi a própria igreja que financiou esses estudos, e muitos dos cientistas eram homens da igreja, que se viram confrontados com o facto de terem de contradizer o livro sagrado), na astronomia, onde várias teorias davam a órbita dos planetas como sendo em circulo perfeito, por ser essa a forma geométrica perfeita, associando-a à perfeição do criador, e que depois foi descoberto que a órbita dos mesmo era em elipse. E exemplos destes há mais, mas escusamos de passar pela seca de ler todos esses livros históricos, e científicos, se tal não quisermos. Basta olhar à nossa volta! A natureza não é harmónica em todos os pormenores. As bordas dos rios e da Costa Oceânica não são linhas rectas, as árvores não são quadradas, nem círculos, as nuvens não são esferas perfeitas, as rochas não são homogéneas. Ou seja, o mundo físico é feito de ordem e caos, de acasos, e as harmonias e os equilíbrios são sempre gerais, e temporais. Há harmonias, mas dentro dessas harmonias há o acaso, há as linhas de fronteira, como já aqui falei num texto neste blog. Há uma harmonia na natureza, onde há as árvores, há os animais, as rochas, mas feita de equilíbrios e desequilíbrios, feita de acções dadas pelo fisicamente possível (a terra mexe-se, as árvores têm diferentes formas, a atmosfera luta pelo equilíbrio entre o oxigénio e o dióxido de carbono, os animais têm diferentes formas, etc., etc.). Sendo o homem parte da natureza, e vivendo em simbiose com ela, é natural que se comporte como ela. Influenciados pela natureza que nos envolve, temos homens de pele clara no norte, de pele escura no sul. Influenciados pela cultura social de cada povo, temos homens que casam com uma mulher, e homens que casam com 5. Influenciados pelas células que constituem a nossa língua, temos homens que gostam de maças, e homens que não gostam de maças. Influenciados pela arte e imaginação, temos o Picasso, e temos o Andy Warhol. Influenciados pelo que nos é permitido procurar e gostar, dentro da nossa mente, temos a penetração anal, o sexo homossexual, a pedofilia, e temos o que queremos ou desejamos descobrir. As possibilidades físicas e emocionais são infinitas, a imaginação é o único meio que temos de percorrer os caminhos do infinito! O facto de as nossas atitudes humanas nos parecerem antinaturais, são apenas fruto do conflito entre a ordem social que criamos, e nos habituámos, e os nossos instintos; são o conflito entre a nossa tendência para criar a ordem, e a tendência para criar o caos; são o conflito entre a necessidade de tudo entender, num universo de conhecimento infinito, onde o que não conseguimos absorver, simplificamos com o misticismo.
Duvido que o meu amigo gostasse de viver num mundo “perfeito”, onde as pessoas seriam todas perfeitas, lindas, onde as árvores seriam quadradas, onde as nuvens fossem todas perfeitamente iguais e simétricas, onde não houvessem vulcões, nem escarpas, nem cascatas. Duvido que o meu amigo gostasse de viver numa sociedade onde não existisse arte e imaginação, que fugissem da perfeição já criada. Duvido que o meu amigo gostasse de estar limitado a tocar apenas nos pontos “perfeitos” da pessoa amada, que estivesse condicionado a apenas amar o que pode ser amável.
Temos muita coisa que desconhecemos no mundo, muita coisa que nos traz sofrimento, muita coisa que vemos sem sentido, mas esse é o preço que temos de pagar por sermos como somos, é a nossa sina, sermos humanos, com a capacidade de criar a beleza, e o terror, e termos consciência disso.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Viajante

Ouvem-se os paços
No silêncio do vazio
Do deserto
Das montanhas

O eco ressoa
Nas árvores
Do horizonte
De vento
E mistério

É um homem
Que caminha
Na ignorância
Dos movimentos

Andando
Atento
Nos caminhos
Que percorre

sexta-feira, novembro 03, 2006

...

Onde estas, menino homem?
Que t´encontro apenas no desencontro de t´encontrar

Falta-te, o que sabes
Precisas ter
Para o achar

Ai paradoxos e contradições!
Como eu vos amo
E odeio

quarta-feira, outubro 11, 2006

...

A verdade é uma mentira!

Na sua essência, não existe.
É conceito.
Deriva da razão humana,
Da natureza que nos envolve
E lógica que nos governa.
Está presa,
Condicionada,
No infinito e na lógica universal.

Falha por incapacidade de absorção.
E por limitação a uma forma de pensamento,
Que dele não se liberta.

Vivamos na humildade
E na certeza da nossa ignorância
Enquanto procuramos o que nos satisfaz
Na certeza que nunca seremos satisfeitos.

sábado, julho 15, 2006

Horizonte

Às vezes caminho olhando o chão. Reduzo o horizonte ao próximo passo e deambulo entre a força para o dar, e o esquecer, consoante o meu corpo se lembre, ou esqueça, que está cansado.
Outras vezes caminho olhando o infinito. Aumento o horizonte a um outro espaço e deambulo entre o viver e o perder, consoante o meu corpo seja alma, ou seja corpo.

sexta-feira, julho 07, 2006

...

Tivemos azar em ter sorte.
Aqui tudo é tranquilo.
O vento varre,
Mas de um lado para o outro.

A tempestade passa lá longe,
Atormentando os preparados.

O atraso de Portugal

O facto de Portugal ser um atraso competitivo em relação a muitos outros Países, não só no domínio económico, mas também do das artes (e também atraso social, comportamental), é explicado, e quantificado, em grande parte, pela quantidade de pessoas que aqui acham que sou doido, quando viajo sozinho.


Viajar é extremamente importante. É o contacto com diferentes culturas, e principalmente diferentes pessoas e suas formas de pensar, de ser, de agir, que nos abre horizontes, muda perspectivas, e nos ensina a sermos cautelosos nos preconceitos.
Viajar ensina-nos a relativizar, exercita-nos a coragem e o instinto, dá-nos inteligência, e potencia a nossa criatividade.
O mundo está aí, globalizado, e quanto menos o conhecermos, mais errados estamos no seu julgamento. E em última análise, pior preparados para o enfrentar.

segunda-feira, junho 19, 2006

nuvens ocultas

De noite sou astronauta,
Olho a lua
E vejo o meu mundo.
De dia
Sou ninguém,
Olho um mundo
Que me não tem.

Só vivo para os outros no meu esforço de ser onde não estou.

terça-feira, maio 30, 2006

Ó povo!

Ó povo do mundo, que amas demais o ódio que tens a esta terra, e odeias pouco o amor que te falta dela!

sábado, maio 20, 2006

Chão...

Chão que piso com pés de veludo escarlate, com sabor a fruta madura. Quisera eu ser herói numa história inventada, e toda a realidade se desvanecia, numa sombra de lua, cheia de pinheiros e oliveiras.
Pergunto-me onde pára o movimento perpétuo das ideias sombrias que iluminam o vazio que me transborda, onde encontrar a fórmula eternamente reinventada?

Quero colher o esquivado,
Para andar à solta enclausurado!

sexta-feira, maio 19, 2006

Mulher fogosa

És Cereja de vermelho saudade
Liberdade aprisionada
Veneno abençoado

És Cio de leoa
Reduto derrotado
Bastião tombado

Ai virtude delituosa
Casto Crime
Quero ser eternamente culpado!

domingo, maio 14, 2006

Ditos

Ter consciência de mim, e do que me rodeia, é um prazer sofrido, uma ansiedade involuntária, uma constante procura de querer ter, desejando não tendo…ai, como eu queria estar eternamente perdido, para ai me encontrar…

Amor...

Amor,

Tens o cheiro da felicidade

Tua pele é uma droga
A mais poderosa e viciante

Teu rosto uma lágrima
Que bebo insaciado

Tua carne
Que não tenho força para apertar
É o cio de uma fera
O rosnar de um Leão

E ai os teus pés
Maravilhas da perfeição
Como dizem que te amo…

sábado, maio 06, 2006

tristeza bela, ou o prazer da solidão

Noite estrelada
Num país perdido
Num lugar esquecido

Ao som das pequenas ondas
Defronte de mim

E o chão
De pequenas pedras
Moldado no meu corpo
Deitado
Embriagado
Pela vida
Pelo álcool

E as Lágrimas
Que escorrem
Como um rio
Para o mar…

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Estranho caminho, o das Almas

Silêncios que gritam calados
Pedindo resgate d`almas

Atormentando a paz sôfrega, em guerra

Tanto calam
Tanto cavam
Tanto tocam


E
EspertAm
...........Adormecidos
E ........Ateados

Bradando os mudos achados

Segundo Capítulo

Não estava à espera disto, mas o segundo capitulo deste blog surgiu-me.
Assim tão próximo do fim do primeiro nem tive tempo para o luto, mas o luto também é uma forma de viver no passado, e eu sempre tentei fugir a isso. Talvez que não estivesse assim com tanta vontade de fechar o primeiro, mas eu não acredito nisso. Foi ele que se fechou.
Aqui me tendes, para onde e quando.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Este é que é mesmo o verdadeiro fim do primeiro capítulo!

Tenho de fazer um reparo ao post anterior:
Eu não vejo os homens ou mulheres como superiores ou inferiores uns dos outros. É obvio e natural que temos diferenças uns dos outros, quer fisicas quer psicológicas. Mas daí até entendermos que umas são superiores a outras já é outra questão. Podemos sim, dizer que umas qualidades ou características servem melhor a pessoa em determinada situação. Hoje em dia o poder fisico ja não é tão importante como era, as sociedades estão organizadas, há organizações que nos defendem. A inteligência podemos pensar que é sempre útil, embora nalgumas épocas não o foi, - isto dependendo do lado da barricada em que estávamos - ou não o foi tão importante como o é hoje. Portanto, as diferentes características de cada um são qualidades ou defeitos, não em sí mesmos, mas inseridas dentro de um contexto. Estou certo que a frase que citei em baixo refere, na lógica do autor, o ser superior enquanto ser emancipado na forma de entender o mundo, que é uma qualidade desde que inserida no mundo Ocidental de valorização da inteligência e lucidez- atenção, não quero, nem quiz dizer com o que disse em baixo, que eu presumia ser um ser "superior", mas apenas que presumia ter a qualidade da ironia.
E mesmo no nosso contexto, não podemos ver a inteligência como uma coisa única, porque há vários tipos de inteligência. Uma das coisas que critico na minha sociedade, é a dificuldade em entender as capacidades alheias. Por exemplo, muita gente ainda pensa que uma pessoa que tira um doutoramento, que é professor universitário ou que simplesmente entrou na universidade é automaticamente inteligente. Só posso concordar com isto, se a pessoa estiver consciente que existem várias inteligências, e se incluirmos a capacidade de memorização e de trabalho intelectual como uma delas. Um professor universitário pode não ser inteligente em termos de capacidade de raciocinio, no entanto pode saber muito da área dele. Nesse caso é um sábio, pois sabe do seu oficio. Para lá chegar estudou e memorizou como os outros, mas isso não lhe dá capacidades automáticas de raciocinio. Da mesma forma pode estar o pedreiro que faz muros, que não sabe nada de finanças nem de história, mas que pode ter excelente capacidade de raciocinio, elaborando respostas a problemas complexos.
Outra coisa ainda é a nossa dificuldade de ver inteligência em pessoas de um meio cultural e social diferente, porque ai não podemos medir pelos mesmos padrões. Eu não posso avaliar a inteligência de um Aborigene que viveu a vida inteira na selva, pelos meus padrões Ocidentais de inteligência. A inteligência, nas suas diferentes formas, é uma caracteristica por sí, não dependente do meio cultural e social enquanto potencial primário. No entanto, o meio social influencia o seu desenvolvimento, em caracteristica e forma, sendo que para a avaliar devidamente tenho de inseri-la no contexto.
E era só mesmo isto.

sábado, janeiro 28, 2006

O verdadeiro fim do primeiro capítulo

Não posso despedir-me do meu blog sem antes deixar aqui uma coisa. Gosto muito de Fernando Pessoa. Por vários motivos, mas principalmente porque é lúcido, inteligente e talentoso. Como tal, gostava de acabar este capítulo com uma parte de um texto do "Livro do Desassossego", que sublinhei imediatamente após o ter lido, porque me encheu o ego, na presunção que tive de me incluir nele. E deixo-o aqui, porque na linha da mesma presunção, entendo que apenas os que nele se incluem poderiam entender alguns dos textos que aqui foram postos.
E a parte do texto é esta:
"O homem superior difere do homem inferior, e dos animais irmãos deste, pela simples qualidade da ironia. A ironia é o primeiro indício de que a consciência se tornou consciente."

Fim do primeiro capítulo

Ou este blog já está cansado dele próprio, ou o Autor dele, ou ele do Autor.
Acho que mereces uma pausa, ou pelo menos um maior encontro com o teu Autor. Reina o silêncio na sua alma, e são muitas as tempestades de desencontros. Não tenho nada a dizer, nem a mim, e muito menos aos outros. São colecções de inutilidades o que tenho feito, fruto do adormecimento e futilidade que me habita. Mas isto não me alarma; sei que em parte é culpa da vida adormecida que tenho levado, mas também culpa dos meus ciclos cerebrais, que me são ainda misteriosos, e embora tenha aprendido a não me preocupar com eles, sei o que fazer para incentivar novos e renovados ciclos. Se bons ou maus, isso também não é muito importante. Nunca levei a vida muito a sério, e como tal, também não me levo a mim. O que importa é tentar sentirmo-nos bem!
Até um possivel regresso.


Já agora uma curiosidade. Ao longo dos tempos tenho reparado que imediatamente após colocar um novo post, uma luz verde de online surge no geoloc, no território Norte Americano. Será pelo facto de ter a palavra profeta neste blog?

segunda-feira, janeiro 23, 2006

isto é só meu, não leiam

não te ensinaram a beleza
e depois também
andaste distraído

desde pequeno
no mundo da lua
nos sonhos
percorrendo universos
vivendo heróis por ti inventados
fugindo
mas assim como quem procura

andaste enganado
enganaste-te
viveste verdades mentirosas
que tu mentiste
de propósito
porque sempre acreditaste que a realidade era uma farsa

e porque insistes nessa verdade
se ela só te serve enquanto mentira?

Porque ela é a união entre os mundos
e não consigo ver a verdade separada das outras
mesmo que não me sirvam

É egoísmo enquanto necessidade de procura
prazer enquanto vivo
sofrimento enquanto não me desprendo...

e o amor?

O amor...?
é quando estou mais próximo da terra

Razões que sobram

Hep!!
Hep!!Hip!!
Hip!!Hip!!Hip!!
Woooooooooooooooooooooopp!!
ppppppppppppppppppppppppp!!
sssssssssssssssssssssss!!
xxxxxxxxxxxxxxxxxx!!
ffffffffffffffffffffffffffffff!!
cat, cat, cat, cat, cat, cat, cat, cat!!!!
rios de montanhas d´água desperdiçam caminhos usados pelas brincadeiras do tempo!!!
foram-se os tempos, ficam-se as pedras gastas!!!
isto ou o contrário, ou todos os intermédios que me habitam, são brancas coisas em pretos espaços!!!
...boneco de gelo que se quebra...
juntem-se os pedaços!!
é apenas água!!!
SSSSSSSSSSPPPPÁÁÁÁ!!...SPÁÁ!!...SPÁ!!...PÁ!!...Á!...Á...á...a

domingo, janeiro 22, 2006

Portugal, o maior hospital!

Há coisas mesmo estranhas na vida. Veja-se este nosso País; ele é doenças que nunca mais acabam, crises atrás de crises, mal nos pomos em pé, de tão coxos que andamos, e no entanto temos médicos que nunca mais acabam.
Uma pessoa entra numa Universidade, é Dr. para aqui, Dra. para ali, parece que em todo lado se estuda medicina. Vamos a uma Câmara Municipal para tratar dum assunto qualquer, e chamam-nos logo a Dra. Ana Luísa, ou perguntam ao Dr. Henrique onde está a Dra. Manuela. Os debates na televisão, não admira que tão pouca gente os veja, é sempre entre médicos. Nas empresas a mesma coisa, não admira que sejamos tão pouco competitivos, são tantos médicos no lugar de técnicos.
Enfim, como podemos ser tão doentes, quando o nosso País é um Hospital?



Outro fenómeno estranho é a quantidade de pessoas que se chamam Engenheiro. É Sr. Engenheiro para aqui, Sr. Engenheiro para ali, são quase tantos como as Marias. No outro dia fui a um Seminário da Ordem dos Engenheiros, e todos os oradores tinham na sua frente um papel que os identificava. Era o Sr. Engenheiro João Fraga, a Sr.ª Engenheira não sei o quê, o Sr. Engenheiro tal e coiso, e depois estava lá o Sr. Francis Bacon, um senhor Suíço, presidente de uma companhia Suiça, que a única coisa que tinha em comum com o nome dos outros senhores, era o facto de ser Engenheiro mecânico. Ele também achou piada ao facto de todos terem o nome Engenheiro, e comentou que na Suiça nunca isso lhes tinha ocorrido, porque lá o Engenheiro é bem conceituado, e eles até podiam aproveitar e começar a chamarem-se uns aos outros Engenheiro. Mas também não admira que esse facto lhes tenha passado despercebido, aqueles Suíços são uma cambada de atrasados.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Peça que não maça

De forma a dinamizar um pouco o blog e faze-lo interagir com a elite de leitores que o visita, proponho-me fazer uma espécie de concurso, ao qual dei o nome do magnífico programa da não menos magnífica rádio de Cister. Para quem não é de Alcobaça, fica a saber que esse é o nome da rádio que nós não ouvimos, mas ainda sabemos alguma coisa sobre ela.
O que se pretende com o concurso:
Que proponham um tema, uma ideia, ou o que quiserem, para que posteriormente diga o que penso sobre ela.
Não se coíbam de fazer propostas, coíbam-se apenas de pensarem que eu vou ser rápido a responder, porque o autor deste blog não está sujeito a pressões editoriais, e tem manias de pouca responsabilidade.
Para aqueles que não querem saber o que eu penso, fazem muito bem, sempre é a vossa higiene mental que está em jogo, mas para aqueles que já estão por tudo na vida, encarem isto como uma oportunidade de fazerem mais uma coisa na vida que é completamente inútil.
Para propor basta clicar ai nos comments e escrever as propostas, é fácil, e pode ser anónimo, eu deixo.
De referir por último que escolherei a proposta mais votada ou escolhida. Têm 5 anos, a partir…de agora!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Apenas coisas

Já aqui deixei um post de uma carta que mandei à CaboVisão, referindo-me ao seu mau atendimento e falta de qualidade. Na altura pretendia TV Cabo e Internet, e devido à minha repugnância pela forma como os clientes são tratados optei por não ter TV Cabo. A Internet lá a arranjei por outra empresa.
Devido a este facto, apenas tenho os 4 canais generalistas, o que no fundo até são canais de mais, visto que me enchem a casa de merda, com excepção feita aos documentários que por vezes vejo no canal 2, sobre natureza animal e humana, ou humana e animal – às vezes confundo – e algumas entrevistas de algum interesse.
Às vezes também, mas muito raramente, vejo a novela – ou missa – das 8, dos outros 3 canais, quando me absorve o desejo de permitir-me deprimir com o de pior o meu País pode dar. Não é só pelo conteúdo, igual nos 3 canais, mas principalmente pela forma como é apresentado. De certa forma compreende-se, que isto de fazer novelas da vida real todos os dias, com a duração de uma hora, é como a carne de porco – muita dela é para encher chouriço.
Felizmente que agora já como mais saudável e deixei a carne de porco.
Já agora deixo aqui um exemplo, de mais uma luta entre o cliente e o Golias empresarial. Tive há tempos um hóspede da Nova Zelândia, e a exemplo de casos de clientes que não se submetem à condenação de estar ligados a empresas que trabalham mal, ele referiu-me o caso de um amigo dele. Parece que esse amigo teve uma questão com a empresa fornecedora de electricidade. Como forma de protesto e indignação, optou por acabar o contrato, passando a produzir a sua própria energia com recurso a moinhos de vento por ele criados.

Nota aos leitores internacionais, ou simplesmente distraidos: A novela das 8 é o Telejornal.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

...

Pois
Deixa lá
Isso passa
Um dia morres e vais ver que o cansaço desaparece
Podias era aproveitar para antes fazer assim uma coisinha mais extravagante
Tipo, porque não vais mostrar as mamas para a rotunda do Marquês de Pombal?
Vais ver que animas
E sempre fazes alguém feliz
Tens múltiplas vantagens em estar viva
Para ti e para os outros
Este País deprime, estamos um pouco condenados por ter nascido nele, é um facto; Portugal, País de brandos costumes; aqui não se passa nada de mal, mas também não se passa nada de bem
Mas também não é só Portugal, é o Mundo cada vez mais, ou talvez não, talvez que sejamos só nós
O que eu sei é que quando estou mal não é o mundo que eu tento mudar, mas antes a minha pessoa, é a mim que tenho de transformar, quando quero ficar bem, embora por vezes tenha de mudar de posição.
É verdade, sinto que o que me envolve me transforma, mas se for esse o caso também posso fazer por procurar. Mas o mundo é um filha da puta, lá isso é verdade. Para uns mais que outros, ora aí esta outra grande verdade
Mas eu sou o maior filho da puta de todos
Porque eu quero é que o mundo se foda!!!
E quero, mas não consigo!
Gostaria de brincar mais com o mundo, ele esta ai, e eu aqui, atadinho
Podia sentir raiva desta sociedade que me dominou, que me prendeu, mas a raiva tem de vir de mim para mim
Eu tenho é de me libertar!
Libertemo-nos!
Fodei-vos!!!!
A todos!!!!
E libertemo-nos!!!

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Música...

Não há nada como a música. Ela dá-nos um sentimento e uma imaginação visível ou invisível, e por demais saborosa; quase que apetece chorar de felicidade…mesmo quando estamos tristes, a musica dá-nos a tristeza mais bonita de todas.

É assim como o amor; é assim como vaguear perdido pelo mundo…ou é belo, ou é tristemente belo.

sábado, janeiro 07, 2006

Assim, despreocupadamente, mas com um objectivo.

"Eu esqueço a maior parte do que li tal como não me lembro do que comi; mas tenho a certeza de que ambas estas actividades contribuem para o sustento do meu espírito e do meu corpo."
(Georg Christoph Lichtenberg)

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Fábrica de sonhos...

Fábrica de sonhos
Guia de vontades
Dai-nos o sono
Para dormirmos acordados

quarta-feira, outubro 12, 2005

Cabovisão

Só para divertimento dos meus leitores, aqui vai uma carta que mandei à Cabovisão. Não sei se obviamente, mas o que é facto é que ainda não recebi resposta.

Ex.mos Senhores:

Quando um cliente nos faz uma reclamação sobre um serviço que prestamos, o caso é no mínimo motivo de preocupação, e essa preocupação deve levar-nos a fazer uma avaliação dessa reclamação e perceber se o que correu mal é da nossa responsabilidade, e se for esse o caso, se é possível evitá-la. Isto numa empresa ou instituição que tenha a preocupação constante em servir o melhor possível, inovando e modernizando para manter ou melhorar altos padrões de
eficiência, pois apenas com esta mentalidade podemos sobreviver como empresa num mundo cada vez mais competitivo, cativando e satisfazendo assim os nossos clientes.
Como empresa de alguma dimensão e duração no nosso mercado, estou certo que o referido vos é obvio. A minha questão é apenas saber a razão porque esta claridade vos cegou, já que parece que vocês, enquanto empresa, oferecem tanta segurança e garantia como um barco à deriva numa tempestade, sendo que eu ainda não sou vosso cliente, e já tenho uma reclamação a fazer.
Pretendia ter o serviço de internet em casa, e para tal investiguei todas as opções ao meu dispor. De entre todas, a vossa era uma das possíveis e pareceu-me ser a melhor, tendo em conta o que pretendia.
Há uma semana atrás telefonei para a vossa central de atendimento, com o fim de esclarecer os últimos pormenores e posteriormente solicitar os vossos serviços, pois estava decidido a tornar-me vosso cliente. Como resposta foi-me dito que seria contactado a fim de esclarecer as minhas dúvidas e posteriormente fazer o pedido de instalação. Este facto foi para mim estranho e motivo de descontentamento, pois estava decidido a ter o vosso serviço e não entendi o porquê de não me ser facultada a informação, nem a razão porque não podia fazer imediatamente o pedido, já que tinha urgência do mesmo. No entanto, optei por esperar, visto que a vossa oferta era a que melhor me servia. Ontem, após um semana sem ter recebido resposta, optei por voltar a contactar-vos, pois o prazo de espera pareceu-me absurdo e inexplicável. No novo contacto foi-me dito que o prazo habitual de espera era de 15 dias, pelo que a única coisa que poderia fazer era esperar.
Posto isto, deixo aqui a minha reclamação, de ordem ética e cívica, sendo que não sou nem um cliente desesperado, que me permita suportar a espera, nem um cliente ignorante, que considere a espera normal, ou mesmo um cliente masoquista, porque esta forma de actuar é prenúncio de problemas futuros.
Ainda ontem, após ter falado com os vossos "serviços", telefonei a duas operadoras de internet para saber das suas condições. Ambas me esclareceram no momento todas as condições, e ambas se propuseram a associar-me como cliente,- no momento!
Resta-me acabar dizendo que não pretendo, nem faço conta que levem em consideração a minha reclamação para tentarem melhorar os vossos serviços. A vossa aparente prolongada forma de actuar é para mim sinal mais que suficiente da forma como trabalham. A minha intenção é apenas mostrar a minha indignação, e esperar que vocês desapareçam.

Respeitosamente,

Ricardo

sábado, outubro 08, 2005

Branquinho!!

É a cor do meu voto amanhã.

Se o meu País não fosse de brincar, eu ainda pensava que as eleições eram uma brincadeira.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Obrigado Portugal!

Não precisamos ir ao interior profundo, ou às nossas aldeias, vilas e cidades, ou tradições, para entendermos muita da nossa natureza.
Felizmente, o melhor dela espelha-se em muita da classe educada da nossa sociedade, que nos está acessível por muitos dos meios de comunicação ao nosso dispor. Basta ligar a televisão, e ver um debate entre políticos ou comentadores, muitos deles viajados e com estudos no estrangeiro. Eles são uma parte visível de uma parte “educada” da sociedade, e como tal, e para muitas pessoas, eles são o exemplo, ou a imagem, da pessoa educada.
Por esse facto, gostaria de lhes agradecer, pois cada vez mais sinto-me uma pessoa melhor, com tudo o que já aprendi.
Por exemplo, aprendi que se falar sempre mais alto que o meu interlocutor, se o interromper constantemente, consigo me superiorizar a ele; se for num grupo de pessoas, passo a imagem de uma pessoa com ideias fortes, além de que consigo que toda a plateia fique esclarecida, pois após a conversa reina o silêncio.
Aprendi que o que importa não é o que eu fiz, ou posso fazer de bem, mas antes o que os outros fazem de mal.
Aprendi que a melhor maneira para contrariar uma argumentação que me vença, é insultar a pessoa que me está a tentar vencer.
Aprendi que não devo contrariar a lei, a não ser que a consiga enganar.
Aprendi a trabalhar em grupo, por um objectivo comum: -Divido o grupo, cada um por si, valorizar o que eu faço, e criticar tudo o que os outros fazem. Se é para avançar, que seja à minha maneira, que obviamente é a melhor.
Aprendi que posso mentir descaradamente, porque sinceramente, ninguém se importa, e toda a gente o faz.
Aprendi que uma posição de poder e de autoridade é para ser exercida com desprezo pelos meus subordinados, devido à maravilhosa formula - poder = autoridade = posso fazer o que me der na real gana.
Aprendi que muitos dos problemas se resolvem por eles próprios.
Aprendi que a responsabilidade é um conceito vago, e que é feio pedir responsabilidades.
Aprendi que tenho de esperar que as coisas mudem, porque eu não sou mais que os outros, para querer que as coisas mudem para mim.
Viver é aprender, e em Portugal vive-se bem!

sexta-feira, setembro 16, 2005

A todos os Alcobacences


Vamos em breve a eleições para a Presidência Municipal. O nosso querido concelho, do nosso queridinho País, vai estar sujeito a uma querida e fofa eleição democrática. Mais uma vez, vamos poder escolher, livremente, de entre um idiota, um ladrão, um atrasado mental e um incompetente, qual o que desejamos que comande os destinos do nosso concelho. Agradecidos estamos nós por este sistema que nos permite escolher! E agradecidos estamos nós por este sistema que nos facilita os resultados, pois sabemos à partida que a corrida se disputa entre dois dos candidatos, que em si resumem as qualidades de todos (embora este ano tudo indica que a disputa é entre um candidato e ele mesmo), atenuando assim a nossa ansiedade. O povo vê a direito por cabeças tortas (ou algo assim, eu sei que existe um dizer popular parecido, mas a minha memoria é fraca, perdoem-me).
Infelizmente o nosso sistema tem uma falha, que por vezes nos leva a cair nela, embora pouco, e confesso aqui que algumas vezes eu fui uma dessas pessoas. É que o sistema permite escolher, não escolhendo. Aconteceu-me já, no calor da indecisão, e sentindo-me pressionado pelo ambiente formal e democrático, introduzir o boletim de voto na urna, sem que nele tivesse feito qualquer escolha. Perdoem-me todos os democratas, que tanto lutaram para que eu pudesse escolher.
Oiço constantemente as pessoas a dizerem-me que não devo brincar com coisas sérias, mas é difícil interiorizar esse conselho, quando tantas das coisas sérias são hilariantes. Não há ironia mais mordaz que um belo discurso político de um candidato.
E com tudo isto já tomei a minha decisão. Este ano vou ter uma atitude política! E apelo a todos os 5 Alcobacences que visitam o meu blog, que me acompanhem nesta aventura.
Sejamos políticos, e votemos no Vítor Paraquedista!!

Nota aos não Alcobacences: O Vítor Paraquedista não é candidato. O Vítor Paraquedista não sabe que é candidato. O Vítor Paraquedista provavelmente não sabe nada de nada, e também não quer saber.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Gota humana

Gota de suor
Gota de lágrima
Gota de sangue…

Tudo me escorre
E percorre

Gota humana…

Que flúi

Tão triste e tão bela
Na sua liberdade…

Ó homem

Ó Homem
Poderoso e forte

Tu que inventas televisões
Foguetões
Tu que edificas
Que compões
Que Arruínas
Que dispões

Tu que reinas
Que predominas
Que raciocinas…

E prossegues embriagado com tamanhas façanhas
Desprezando que o teu reino é de brincar
Quando comparado com a adulta natureza

quinta-feira, setembro 01, 2005

"Deus face à Ciência"

Acabei há dias de ler um livro bastante interessante. Já o tinha na prateleira há alguns anos, foi-me oferecido a pedido meu, e lá esteve até há pouco tempo. É a primeira vez que faço aqui publicidade a um livro, e se o faço é porque acho a sua leitura pertinente, e porque o tema do livro é sobre um assunto que ocupa grande parte do meu raciocínio e alguma parte da minha leitura.
Quem me conhece sabe que sou crítico acérrimo da religião católica, e de uma maneira geral, de todas as formas de religião. No entanto, e como em tudo, nunca fui de ler, ou de ouvir, apenas o que vai de acordo com a minha opinião; pelo contrário, sempre gostei de olhar as realidades, e tentar fazer por mim a minha avaliação, obviamente influenciada pelo meu pensamento, mas procurando a imparcialidade na lógica, ou no raciocínio lógico. Este argumento poderá ser atacado por alguns, no sentido em que me poderão dizer que os caminhos da fé fogem da racionalidade. Não o duvido, alias, estou até bastante convencido disso, mas aquilo que critico não é a fé nem a crença, mas apenas os caminhos e as direcções que em nome da fé se tomam, quando eles ultrapassam a área de influência do individual, e cuja influência seja prejudicial, no sentido em que se baseia em argumentos irracionais, contribuindo não só para o desenvolvimento de uma ignorância colectiva, como para o atraso e pouco saudável desenvolvimento social.
O título do livro é “ Deus face à Ciência”, de Claude Allegre e a editora a Gradiva. No entanto, o livro poderia chamar-se “A religião face à Ciência”, pois visto que poucos são os discursos de Deus que chegam até nós, o autor teve de usar muitas vezes os seus “representantes” e “interlocutores”. O livro faz uma abordagem dos conflitos que houve ao longo dos tempos entre a religião e a ciência, e também, e através disso, os lugares onde a ciência se desenvolveu mais, tendo em conta a religião presente. Além disso, o livro é enriquecedor tanto para homens como eu do ramo da ciência, como para todos, pelo que de informação nós dá do surgimento de algumas descobertas, e algumas curiosidades. Pelo lado da religião é também interessante porque também nos apresenta uma leve perspectiva histórica. No fundo considero o livro bastante imparcial, porque é muito expositivo, apoiando-se sempre em factos históricos, e penso que é um livro bastante interessante tanto para crentes, como para não crentes, pois apresenta-nos os factos para que possamos sobre eles reflectir.

quarta-feira, agosto 31, 2005

Alteração da descrição do blog

Nesta minha reentrada, e após termos verificado que a minha palavra em termos blogosféricos pouco vale, decidi alterar a descrição do blog. A anterior- ridiculo mas necessário- era apenas uma conjugaçao de duas palavras, sinónimo de nada a não ser que na altura não sabia o que por.
No entanto, mais de um ano depois, finalmente escolhi uma descrição mais condizente com o blog e com o pensamento do seu autor. Criei-a, mas certamente haverão mil e uma outras citações iguais, ou do mesmo género. Aqui fica, só para que o evento seja assinalado:
Como é estranho este homem
Que facilmente acredita ver na escuridão
E tão cego é na claridade.

Eterna estrada...

Na longa e eterna estrada onde caminho
quero apenas ansiar o momento onde me esqueça que o faça
e viver assim
sem dor nas pernas
e sem ter onde chegar.





quinta-feira, abril 28, 2005

Luis Delgado

A partir do momento em que começamos a conhecer o Sr. Luis Delgado, através das suas crónicas jornalisticas e televisivas, uma sensação de nojo começa a instalar-se por todo o nosso corpo. Passando essa fase, e porque misteriosamente somos levados a continuar a ouvi-lo, uma raiva apodera-se de nós, e cada palavra desse senhor atinge-nos como uma estocada a um touro. Posteriormente, e porque a lucidez nos diz que é uma formiga que fala, atingimos o terceiro estágio: o hilariante! Procuramos as suas crónicas como se de um pequeno cartoon se tratasse; queremos nos parodiar com tamanha obra de humor satírico, apimentada pelo facto de percebermos que o Sr. Luis Delgado é a única pessoa no País que não se apercebe do ridiculo que nos apresenta.

segunda-feira, abril 04, 2005

Não te deixarei morrer, ataprofeta

Este blog, ou o seu autor, tem manias de pouca assiduidade; as datas de publicação o confirmam. Mas este interregno já incomoda! Prometo a mim próprio que em breve recomeçarei, muito em breve. E aos poucos leitores lhes digo: - não te deixarei morrer, ataprofeta!

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Luto Nacional?



Em que sentido a Sra. Lúcia contribuiu para a Nação? Só se foi pelo turismo, porque foi por algo que ela disse que viu que milhões de turistas visitam uma cidade Portuguesa. Mas aí também a culpa é mais da instituição que explorou o evento, ela nada mais fez que dizer que viu e ouviu.
Então mas o Estado Português é ou não é um Estado Laico?
Há pessoas por ai que se confundem, outras que aparentemente se confundem, e outras ainda que propositadamente se confundem. Infelizmente, é o que temos.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Autores, cultura, ou nada disto




Não sei se me desculpo sempre pelas minhas falhas, mas é certo que algumas me reorientaram noutro sentido, e em alguns casos, penso que no correcto.
A minha memória é péssima, especialmente no que toca a nomes. Graças a esse facto, entre outras coisas, sempre tive especial dificuldade em memorizar o nome do autor de variadíssimas coisas. No entanto, memorizava mais facilmente aquilo a que o autor estava associado, fosse uma ideia ou um acontecimento. Esta “falha” pessoal, com o tempo, transformou algo que era inato, numa coisa em que acredito:
- Mais importante que quem fez, disse, ou escreveu, é o que fez, o que disse, ou o que escreveu.
Em Portugal presta-se especial importância ao autor. Eu até admito que o próprio autor assim o sinta; o orgulho pessoal e os méritos e honrarias que daí possam advir são coisas que enchem o ego, e até podem encher a carteira, mas parece que o sentimento e a forma de encarar esta realidade pelas pessoas, e principalmente por uma classe pretensiosamente intelectual, não está imbuída de qualquer sentimento nobre. Parece-me antes um vício antigo, onde a inteligência e cultura é medida pelo latim de cada qual (antigamente quem dominava o latim era visto como um homem de cultura, de inteligência, e muitos faziam por demonstrar a sua arte nas suas obras publicadas, levando-as ao extremo e ao ridículo, e acrescentaria, levando-as a lado nenhum. Hoje em dia não é o Latim, mas é a exagerada importância que se dá à cultura, onde em vez de um sóbrio complemento, ela é usada quase como meio de comunicação. Eu diria que quem fale bem, mas apenas com as palavras dos outros, e o faça com uma certa altivez, estaria perfeitamente encaixado neste perfil).
Eu não diria que este vício é perigoso, mas que me parece ser um sinal do nosso atraso, parece. É que a mensagem que parece passar, é a de que nós não precisamos pensar, porque os outros já pensaram por nós. Eu penso que devemos usar o que os outros pensaram para nos ajudar a pensar, a sentir, cortando caminho para estágios mais avançados, pois só assim concebo um progresso intelectual.
É importante conhecer o passado sim, mas como objectivo de nos ajudar a compreender o presente, e de explorar o futuro. O autor é o canal por onde passa a mensagem, e a mensagem é uma gota no Oceano.


Resta-me dizer, para que fique bem claro, que o meu problema não é com a cultura do passado, que lhe dou muita importância, me dá muito gosto, e a uso com imenso prazer. O meu problema é apenas que se faça dela uma escola, um objectivo em si mesmo, e não um veículo para uma evolução. Se há quem o goste, que a use e abuse para seu belo prazer, cada qual que se divirta. Mas que não chateie os outros.

domingo, janeiro 30, 2005

Todos os comportamentos humanos são naturais



Tal como árvores da mesma espécie que ao crescerem continuam na mesma espécie, mas com a liberdade de terem formas e feitios diferentes, por casualidades externas e internas, porque são várias as variáveis que influenciam o seu comportamento, também os comportamentos dos humanos, qualquer que sejam, são naturais à espécie humana. A questão é de visão.
Um humano pode julgar outro humano pelos seus comportamentos, e achar que eles não são naturais, que são desvios à espécie humana. Mas outra coisa que não um humano, julgaria os comportamentos de todos os humanos como sendo naturais à sua espécie. Essa coisa poderia dizer que não é natural um humano voar, mas diria que é natural um humano ter a capacidade de construir algo que lhe possibilite voar. E se algum dia um humano voasse, esse comportamento passaria a ser natural no humano.
Essa outra coisa poderia também chegar a outras conclusões. Poderia, pela simples observação, encontrar padrões, acontecimentos que ocorrem com maior frequência que outros, e poderia, se lhes quisesse dar um nome, chamar a uns, acontecimentos normais, ou mais normais que outros, utilizando a palavra normalidade no sentido em que esse acontecimento se sobrepõe, ou ocorre com mais frequência que outro,e a outros, acontecimentos anormais, com o sentido oposto do primeiro.
Tudo tem a ver com a liberdade, ou melhor, com as variáveis de liberdade. Peguemos outra vez no exemplo da árvore. O que é que a nossa observação nos pode dizer que é natural numa árvore? Ela pode dizer que não é natural a uma árvore andar, que é natural que ela cresça e se desenvolva apenas num determinado espaço. Mas dentro desse espaço a arvore ainda tem muitos padrões de liberdade. Os seus ramos, a forma do seu crescimento, o seu tamanho, a sua constituição interna e externa, a sua cor, todas estas variáveis podem mudar numa árvore, e mesmo em árvores da mesma espécie. No entanto, veremos que existem padrões entre elas, e que existem variações a esses padrões, e que uns ocorrem mais frequentemente que outros, mas tudo dentro do que observamos ser possível a uma árvore, dentro das variáveis de liberdade que ela tem. Uma couve de quatro metros de altura não é uma couve normal, mas se determinados factores se conjugarem, é possível a uma couve ter quatro metros de altura. Nesse caso, eu diria que é natural que uma couve tenha quatro metros de altura, porque a sua constituição e as suas variáveis de liberdade o permitem. Ela não deixou de ser couve por ter quatro metros de altura. No entanto, eu diria que não é normal isso acontecer, e só no sentido em que o acontecimento é raro, e apenas é raro porque as variáveis que o influenciaram, ou permitiram, são raras.
Ora, da mesma forma está um humano. Um assassino não deixa de ser um humano. Mas o seu comportamento não é normal, ou seja, o seu comportamento ocorre com pouca frequência, porque as variáveis que se conjugaram para essa pessoa se tornar numa assassina são raras. As variáveis de liberdade que a espécie humana tem permitem-lhe comportamentos assassinos, é só conjugarem-se na devida proporção. Nesse sentido, é natural ao humano ser assassino, porque está dentro da sua natureza, enquanto espécie humana, ter o potencial para o ser.
Quem diz assassino, diz todos os comportamentos que os humanos têm, que fogem da “normalidade”.
Eu não gosto da palavra normal, porque o seu oposto é anormal, e esta palavra é usada entre nós, frequentemente, com conotação negativa. Por isso eu tive o cuidado de acrescentar que o normal era o que ocorria com maior frequência, pois pretendi fugir a qualquer juízo de valor. Eu não acho que uma coisa anormal seja necessariamente negativa, e muito menos em relação ao que acabei de expor. Os julgamentos comportamentais são coisas que pertencem à parte social da espécie humana, que está muitas vezes em conflito com a natureza. Eu faço parte da espécie humana, mas não pretendo fazer aqui um juízo de valor acerca de nada, pretendo apenas expor da forma mais clara que consigo o que me parece ser uma lógica de natureza.
Eu usei o exemplo de assassino, mas podia ter posto pedófilo, homossexual, ou outra coisa qualquer. Em termos de juízos de valor, cada caso tem o seu, entre povos, e entre eras. A pedofilia ocorre com mais frequência, a homossexualidade ainda mais, e em cada caso os comportamentos são sempre humanos, são sempre naturais, mas ao longo dos tempos houve sempre choques com estes comportamentos, que, por ocorrerem com menor frequência, e por variadíssimos outros factores, foram sendo postos de parte de uma ordem social e moral que os humanos para si criaram, e que acharam necessidade de a defender, na tentativa de preservar um sistema de valores, que por sua vez ajudaria na preservação de uma ordem.
Resta-me dizer que eu não estou contra a necessidade de se estabelecer uma ordem social. Entendo que os homens e mulheres são animais sociais, que precisam e sobrevivem à conta do esforço conjunto, e entendo que não há esforço conjunto sem organização. No entanto, entendo que os problemas se resolvem melhor se procurarmos saber o máximo sobre eles. Entendo que devemos usar a razão para procurar os factos, e que estaremos mais próximos de chegar a soluções se tivermos o máximo de consciência do que nos rodeia. O universo é complexo, o mundo é complexo, a vida é complexa. Mas não estaremos mais próximos do entendimento do que nos rodeia se persistirmos em não olhar.

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Justiça?



Eu não sou advogado, nem nunca estudei leis, mas parece-me que existe, ou se não existe deveria existir, uma componente pedagógica na justiça, ou mais propriamente, nas decisões judiciais. Mais, parece-me que sem essa componente pedagógica, a justiça perde todo o seu fundamento, sendo que ela não seria mais que uma espécie de agente punidor.
Embora às vezes, ou nalguns casos maioritariamente, assim o pareça, num sistema democrático e que se quer respeitador dos direitos da pessoa humana, a justiça tem de ser, ou de ter nela, uma deontologia de clarificação, de procura dos factos, e o castigo terá que ser visto como um mal inevitável, que na falta de alternativa a esse mal, terá de ser administrado com extremo cuidado. Os sistemas sociais são extremamente complexos, adequar leis que regulam e permitem uma tentativa de harmonia nesse sistema, é igualmente complexo, e o erro, a contradição, são muitas vezes inevitáveis. Por este pressuposto, eu diria que a justiça é muitas vezes injusta.
Fazendo aqui um aparte, eu diria que a justiça é sempre injusta, se considerarmos o choque entre a pessoa individual e a pessoa colectiva, mas isso já é outra história.
E é por a justiça ser injusta, que tem de ser tratada com extremo cuidado, muito mais cuidado que muitas outras actividades, diria até, que todas as outras actividades. Porque os nossos direitos, as nossas liberdades individuais, como pessoas humanas, o nosso direito à liberdade, à vida, a nossa dignidade, são estas as coisas que estão em causa nas mãos da justiça. Por tudo isto, a justiça deveria ser das actividades mais permanentemente vigiadas, verificadas, das actividades mais facilmente maleáveis, onde o erro deveria ser o mais rapidamente rectificado, onde a morosidade deveria ser mais rapidamente atacada. No entanto, não é isso que verificamos. Não é a justiça que é cega, nós é que somos cegos em relação a ela. Parece obvio que existe alguma espécie de problema estrutural na justiça, que o seu funcionamento tem muito que melhorar. Sobre isso nada sei falar, não conheço as suas entranhas, e nem me interessa conhecer. O que me interessa é saber que ela funciona o melhor possível, que seja feita com o maior dos cuidados, que exista uma tentativa constante de aperfeiçoamento, de vigilância, e que a própria justiça esteja ela também sujeita a julgamento, que se tenha permanente que a justiça existe em favor das comunidades, e os direitos das pessoas têm de ser sagrados, em qualquer das circunstancias, e também que seja mais clara para o exterior, só numa de quando uma pessoa é presa preventivamente não ouvirmos comentários como – "eu bem sabia que ele era culpado".
E não esquecer a componente pedagógica...
Nos Estados Unidos da América (a mais antiga das democracias), a pena de morte é lei em muitos estados. O que eles querem dizer com essa lei, é que em caso algum se pode matar, que matar alguém é um crime extremamente grave, horrendo, só praticado pelo maior dos criminosos sem escrúpulos, que a pessoa que comete tal crime não merece nenhuma condescendência, sendo que só pode ser merecedora do maior dos castigos, só pode ser merecedora da morte!...eu não sei, mas parece que existe aqui uma contradição. Então mas matar não é um crime cometido por alguém sem escrúpulos? Então mas matar não é um crime tão horrendo que não merece perdão? Então mas o Estado, essa pessoa de bem, não se transformará ele também num criminoso, ao sentenciar a morte? Então e que aprendemos com isto? Afinal, pode-se matar? Não matarás, porque se matares, eu te matarei? O que é isto? Então mas o estado é alguma entidade divina? Ou o estado somos nós todos? E já agora, a guerra? Em nenhuma circunstância deves matar, a não ser que eu te mande? Onde ficamos? Que lógica é esta? Que "moral"? Que pedagogia?
Eu sei que pedagogia. É a pedagogia do interesse! É a puta da hipocrisia!
Estamos cheios dela!

domingo, janeiro 02, 2005

Saudades...


Sim, é verdade,

às vezes tenho saudades,
dos momentos imaginados que nunca tive

à memória só me vêm os sonhos,
os prazeres antigos, reinventados

e persigo o presente

tudo o resto subsiste na minha fraca memória,
na minha capacidade de sonhar
e deambular pelo vazio

e na tentativa de fechar os olhos
quando olho para a frente

domingo, dezembro 19, 2004

Verdade?


Às vezes me distraio, e penso que ando à procura da verdade. Mas eu não quero a verdade. A verdade é dogmática, é imutável, e extremamente venenosa nas nossas mãos. A verdade é incompatível com o infinito, com a imensidão.
Não, o que eu quero mesmo é a razão. Essa sim é compatível com a eternidade, porque tem de ser constantemente desbravada, discutida e duvidada.
Aqui a questão não é de complicar. É de entender o que somos, e onde estamos, e estarmos preparados para sobreviver.

sábado, dezembro 18, 2004

O mundo das zebras


É natural que os mais fortes dominem os mais fracos, é uma lei da natureza, mas no caso do homem existe uma diferença.
O leão tem dentes fortes e garras, e a zebra pouco mais pode fazer que correr, que fugir e ter medo do Leão. No caso do homem a questão é diferente, e bem diferente. O homem de poder tem dentes e garras falsas, ele não é mais que uma zebra mascarada, e as outras zebras têm medo da mascara. A questão é que já há zebras que com o tempo deixaram de ver a zebra por detrás da mascara, e por empatia, a zebra da mascara pensa que é uma mascara.
Mas isto não é novo, já muitos nos contaram esta história, já há muito que esta história nos canta, mas tem música que é assim mesmo, é preciso aprender a ouvir…

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Se eu já parei para pensar?


Bem, eu gostava de dizer que sim, que já parei para pensar, mas o que é facto é que eu ainda nunca parei. Quer dizer, eu acho que ja fiz umas pequenas pausas, mas nao o suficiente para dizer que de facto parei. Eu gosto da frase, ela tem impacto e tem significado, mas eu penso que talvez ela fique melhor ao contrario, mais adaptada aos dias de hoje. Eu diria: Já pensaste em parar? Isto porque o que define um pouco os dias de hoje é esta correria em que andamos, este viver por automatismos, onde não nos damos conta realmente do que andamos a fazer. Sim, eu diria se já pensaste em parar, se ja pensaste em descontrair e deixar um pouco de reagir aos estimulos, de realmente parar. Pode ser que dai vejamos melhor como tudo o resto roda, vejamos todo o movimento, e de como tanto dele é desnecessario, tanto dele é injusto e cruel. Mas enfim, parar não é para todos, a vida é curta, não podemos desperdiçar nenhum momento desta roda viva, que nos enjoa, mas mantem em movimento, até porque há quem diga que parar é morrer. Mas eu um dia gostava de me sentar, nem que fosse so por pouco tempo, mas palavra que gostava de me sentar.
( quem me conhece pode ser levado a pensar, "mais ainda!?", mas eu acho que poucas ou nenhumas vezes me sentei)

domingo, dezembro 05, 2004

E viva Portugal!


Existe uma tendência em Portugal que é absolutamente venenosa.
Imaginemos dois Países, o (A) e o (B). O País (A) é o melhor, e o (B) o pior. O País onde estamos é o (B), e a tendência em Portugal é esta:
- Vamos todos ser preparados para o País (B), porque esse é o País onde vivemos, e nós não queremos construir uma sociedade de inadaptados.

Mas enfim, vamos mas é estar quietinhos e caladinhos, não é verdade, porque a coisa está má mas ainda se aguenta, deixa andar! E viva Portugal! És o maior!

Simplificar

Acredito que o mundo, o universo, é construído sobre bases simples, infinitamente simples à medida que diminui a sua proporção. Em analogia, poderíamos associar o mundo físico a uma eterna construção de peças de lego, com infinitas formas. Se tentarmos ver a forma total, ela aparece-nos como extremamente complexa, mas se procurarmos a sua base, os seus ínfimos pedaços, veremos que se trata de uma simples sobreposição de simples peças sobre outras, e percebemos mais facilmente ali o porquê de uma peça ter sido posta em determinada posição, e o porquê de uma composição de peças resultar numa forma, e outra composição noutra. Se quisermos, podemos fazer a mesma analogia para o mundo não físico, basta associar a cada situação uma peça, e a combinação de situações seguirá igualmente uma lógica, da mesma forma que as peças (só um cubo encaixa perfeitamente noutro, uma outra forma qualquer associada a um cubo deixará espaços, interstícios entre eles, e existem infinitas construções possíveis se usarmos infinitas combinações entre peças).
Quando estudamos determinado assunto, não estamos mais que a decifrar o puzzle, a descobrir a sua história, a adivinhar a sua construção. Na matemática, começamos por conhecer os números, que serão as peças, e depois passamos às suas combinações simples, aprendemos a somar e a dividir, que serão as formas mais simples da construção do lego. A partir dai a matemática não é mais que combinações destas formas simples, a lógica é sempre a mesma, a sua complexidade advém das inúmeras combinações que estão implicadas, ou no caso do lego, nas inúmeras possibilidades de montar formas, e mais formas com as existentes.
Em qualquer outra ciência, exacta ou não exacta, a lógica da construção mantém-se, mudando apenas a lógica em si mesma de cada ciência. No entanto, em tudo, o que está atrás influencia o que está à frente, as acções provocam reacções, e se queremos decifrar algo, para tal basta conhecer a sua história, todos os factores e variáveis que o influenciam e estiveram por trás do seu aparecimento. Para determinadas ciências (no fundo para todas, mas umas mais que outras, aparentemente), as variáveis ou os factores são tantos, que a sua completa decifração se nos apresenta como impossível.

Isto para dizer que para complexo já nos chega o mundo, e se pretendemos evoluir mais rapidamente na sua compreensão precisamos simplificar o que pode ser simplificado e tentar simplificar o que aparentemente não pode, para que as novas variáveis que vamos tomando conhecimento não se tornem cada vez mais um fardo, e uma complexidade extra ao já de si complexo (simplificar no sentido de reduzirmos o conteúdo informativo sem com isso perdermos o essencial).

E obviamente que deixaria a arte fora deste contexto, ai, simples ou complexa, o que eu gostaria era que ela tivesse liberdade.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

...


São dois corpos que se tocam
E se beijam
Sem o saber

E quando o sabem
Não o sabem
Sem o fazer

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Somos todos muito bonzinhos


Hoje vemos aqueles filmes sobre tempos idos, onde o povo reunido em alegre confraternização aguarda os infelizes protagonistas, para serem espectadores do espectáculo da morte.
Fosse enforcamento, decapitação ou tortura, o que o povo pretendia ao deslocar-se a tal espectáculo era simplesmente rejubilar-se com o sofrimento alheio. Ali não é a justiça que está em causa, o que os move é apenas o sangue, o suor do condenado.
Hoje podemos ver que nada mudámos em relação a esses tempos, quando vemos os arguidos do “ processo casa pia “ a se dirigirem para o tribunal, local onde irá decorrer um julgamento, para decidir se de facto aquelas pessoas serão consideradas culpadas ou inocentes e observamos a atitude das pessoas que acorrem ao local. Ninguém ainda foi julgado, mas isso parece pouco importar. O que importa é que ali cheira a sangue e há pessoas que não querem perder o espectáculo, e outras ainda, que mesmo não estando presentes o acham normal.
É da natureza humana gostar do sofrimento alheio, e se for possível sermos dele cúmplice sem com isso sermos considerados culpados, melhor ainda (na área da psicologia fizeram um estudo interessantíssimo sobre essa faceta humana, onde várias pessoas provocavam choques eléctricos noutras, e estas cientes da sua desresponsabilização provocariam a morte das outras, se os choques fossem verdadeiros, coisa que elas não sabiam; não sei onde indicar este estudo, mas ele andará por ai na net).
No entanto também somos bichos sociais, e nesse papel é natural criarmos barreiras, regras, que nos defendam de nós próprios e dos nossos ímpetos. Em oposição ao crime nós temos o castigo, e assim podemos prevenir que determinadas pessoas não cometam o crime, por medo do castigo, e assim nos regulamos, assim nos tentamos proteger. Outra forma de auto-regulaçao é a prevenção, onde se pretende criar condições para que o crime não tenha bases sociais para aparecer, ou prosperar.
Ora, num sistema social onde estas regulações sejam aplicadas, e principalmente a segunda, essa sociedade terá uma aparência de um maior humanismo, a tal ponto que as pessoas chegam a acreditar nele, e quem sabe, algumas até o tenham.
Pois então que se faça o mesmo cá, que não se permita que este espectáculo em porta do tribunal ocorra e seja considerado normal, que seja regulado de alguma forma, para que possamos disfarçar que já não estamos na idade média, e possamos pensar que já evoluímos um pouco, por forma a que a nossa perversidade, irracionalidade e barbárie se esconda, e assim andemos mais enganados, ao ponto de acreditarmos que somos diferentes, ao ponto de corrermos o risco de pelo menos alguns sermos diferentes.

quinta-feira, novembro 25, 2004

Raciocínio


Não é bem claro em mim, se sou eu que o encontro, ou se ele que me visita.

quarta-feira, novembro 24, 2004

O porquê do titulo do Blog


Ao contrario do que possa parecer, o raciocínio que me levou a esta frase foi mais construtivo que destrutivo. Porquê, cada um tem a ignorância que merece? Esta frase saiu duma conversa com um amigo, em que falávamos duma anterior conversa que ele tinha tido com uns colegas, e onde haveria um certo rapaz que insistia em ser persistente numa ideia que não tinha qualquer fundamento e sobre a qual, aparentemente, o mesmo não lhe prestara um centímetro da sua própria linha de raciocínio. A frase saiu-me automaticamente, e foi com este sentido: Se não queres pensar, se não procuras saber e te informar, então mereces toda a ignorância que tens, bem como as futuras consequências que sobre ti recairão em troca dessa ignorância.
Portanto, espero que vejam o título do meu blog mais como motivador e não como algo pejorativo. O conhecimento pode ser um poderoso escudo, ou pelo menos uma sensibilidade, que nos alerta.
E embora não o possamos ter em demasia, podemos fazer escolhas, baseadas na vida que queremos levar.
E não posso acabar sem deixar aqui a minha frase favorita e que eu cito vezes sem conta:
Só sei que nada sei.
Beijemo-nos



É no beijo de uma mulher
Que a memória me falha
E o raciocínio
Se torna despropositado

E é como um vazio
Que preenche e conforta
E o mundo, inexistente
Não é bom nem mau
É perfeito

E por ele enfrento o mundo
Para deste fugir
E nele me refugiar

Porque eu sou um cobarde
E um sonhador
Não suporto a verdade
E acredito no amor

terça-feira, novembro 02, 2004

Vícios de Personalidade

Sim, isto talvez que seja um vicio meu que peguei de há muito, de, por brincadeira, argumentar que os outros é que estão sempre errados, misturado com a pouca importância natural que eu dou a certas coisas, e me esqueço que para as outras pode ser importante, ou que a minha atitude, por muito que pense que as vai descontrair, pela calma que transmito, vai no fundo desrespeita-las, porque não levo a sério o que para elas é importante. E talvez que um pouco de prepotência e certamente algum egoísmo.


sexta-feira, outubro 15, 2004

Ditos


Juntos somos cada vez mais fortes.
Sozinhos, cada vez mais fragilizados.
E no entanto,
somos cada vez mais egoistas
e menos preocupados com os outros.

Existe aqui uma aparente contradição,
ou talvez não,
talvez que seja coerente
(natural certamente)
e a causa a ilusão,
a nossa embriaguez,
ou os seus efeitos secundários.

E para nós, especie humana,perigoso,
muito perigoso.

sexta-feira, outubro 08, 2004

Ditos

O caminho para chegar a uma solução
é o que mais próximo temos dela.

quarta-feira, outubro 06, 2004

Ditos

O natural é o possivel
O que existe, a sua descoberta
A vida,
o conflito com o inevitavel
o eterno engano
Sobre esta reportagem:


"Vaticano Considera "Infeliz" a Legalização dos Casamentos Homossexuais

O cardeal do Vaticano para os assuntos da família, Alfonso Lopez, considerou a aprovação do anteprojecto de lei espanhol que legaliza os casamentos homossexuais no país e a adopção de crianças por estes casais como um "passo infeliz". As declarações foram feitas na Rádio Vaticano e vão ao encontro da campanha que tem sido feita pelo Papa João Paulo II contra o casamento de entre pessoas do mesmo sexo.
"Com esta proposta de lei, o conceito de casamento é esvaziado de sentido. Inventam uma nova definição que, é implicitamente, uma alternativa ao casamento", condenou o cardeal Alfonso Lopez. "Os Governos apresentam estas medidas como se se tratasse uma conquista da modernidade e da democracia. Na verdade, estão a cair num processo de desumanização profundo", acrescentou o membro do Vaticano, referindo-se aos outros países europeus que já legalizaram o casamento entre homossexuais e lésbicas.
A proposta do primeiro-ministro socialista, Jose Luis Zapatero, aprovada anteontem em Conselho de Ministros, segue as alterações legislativas já produzidas na Bélgica e na Holanda. A Suécia e a Dinamarca também reconhecem legalmente as uniões civis de casais de pessoas do mesmo sexo.
"Dizem que existem muitos estudos de psicólogos que mostram que as crianças são felizes no seio destes casais, mas isso é mentira. Temos estudos diferentes que mostram o contrário", sustentou ainda o cardeal do Vaticano, em relação à possibilidade dos casais homossexuais poderem vir a adoptar crianças. "


Eu tenho a dizer o seguinte:


Eu considero Infeliz o Vaticano considerar “infeliz” a legalização dos casamentos homossexuais.

Pelas palavras do senhor, podemos retirar algumas conclusões, que nos elucidarão sobre o que o Vaticano pensa sobre o matrimónio e sobre todos nós em geral.
Diz então o ministro para os assuntos familiares, do partido auto-denominado representante dos valores morais por eles fixados e da verdade divina e do divino, que o conceito de casamento fica esvaziado de sentido, com a dita proposta.
Em primeiro lugar, a proposta é relativa aos casamentos civis, fora, portanto, do domínio da Igreja, ou supostamente fora, porque esses senhores ainda se rogam o direito de se imiscuir no que lhes transcende, mas ai também a surpresa não é grande, ou não seria essa a razão, entre outras, que está na origem da formação desta entidade. Enfim, já é uma questão de hábito, pior é mesmo as sociedades ditas laicas ainda o aceitarem, isso é que é realmente grave, e a desculpa de que a igreja teve um grande contributo social para os países ao longo da história (teve??, e estamos todos orgulhosos?), é um não argumento, a separação do estado e da igreja foi “feita” e se é essa a lei, é tão simples como respeita-la.
Segundo, e considerando as diferenças entre um casal de pessoas do mesmo sexo e entre um casal de sexo diferente, podemos concluir que para o Vaticano, o sentido único do matrimónio é a reprodução. Isto porque, no jogo dos possíveis entre os dois grupos, só vejo como não possível uma mulher fecundar outra, ou um homem engravidar. Tirando isso, e compreendendo que as pessoas, os seres humanos, têm a capacidade para se amar e respeitar, não vejo como uma união entre casais homossexuais possa ser diferente de uma união entre casais heterossexuais. Portanto, quando a Igreja afirma que o casamento entre casais do mesmo sexo é esvaziado de sentido, e sendo que a única diferença é o facto de estes casais não se poderem reproduzir, podemos concluir que os casais heterossexuais que se casam, fazem-no com o objectivo único da reprodução, sendo que questões como o amor, o respeito, a entreajuda, são vistas como questões menores, que pouco ou nada têm a ver com a razão de essas pessoas quererem passar o resto da vida juntas. Esta visão, por muito sentido que faça aos conhecedores das leis da vida, parece entrar em contradição com os níveis da natalidade presente dos casais, mas talvez que seja só uma questão da mensagem não estar a chegar aos receptores, pois que os casais parecem ainda não ter entendido que o objectivo pelo qual se casaram ficou esquecido.
Outra hipótese, que a estar certa arrasa com a minha conclusão anterior, é a de que os homossexuais serão portadores de uma doença grave e ainda misteriosa, que lhes retira a capacidade para amar e respeitar os outros, ou mesmo que eles não serão homens ou mulheres, talvez os verdadeiros extra-terrestres, ou mesmo filhos de um outro Deus, talvez mesmo o Diabo, e como tal não conhecem o amor. Esta hipótese é a que melhor serve a declaração do senhor Ministro do Vaticano, que diz que “Os Governos apresentam estas medidas como se se tratasse uma conquista da modernidade e da democracia. Na verdade, estão a cair num processo de desumanização profundo”. Processo de desumanização profundo…
Desumano – que não é humano; desnaturado; cruel; desapiedado; que não cumpre os deveres da humanidade.
(as coisas que a gente encontra nos dicionários, “que não cumpre os deveres da humanidade”, mas o que é isso? Quais são? Porque?)
Podemos então concluir, ou reformular a nossa conclusão, que de facto, e para felicidade e descanso de todos os casais heterossexuais que já efectuaram matrimónio, a reprodução não é o único objectivo do matrimónio, sendo que nele também estão considerados o amor, o respeito, a entreajuda e todas as outras coisas lindas e perfeitas que embelezam o contrato, e como tal já podem começar a exercitar novamente o milagre das relações sexuais não reprodutivas, já que como sabemos, a dita igreja não permite o uso de contraceptivos de qualquer espécie. E concluímos assim, porque o senhor Ministro do Vaticano nos elucidou acerca da verdade das verdades, afinal, os homossexuais, ou não são humanos, ou não estão a cumprir com os deveres da humanidade; e visto que o fenómeno é grande e antigo, estaremos talvez na presença de uma epidemia à escala global, ou mesmo de um qualquer castigo divino, fruto de um qualquer pecado original, que é obviamente justo que sejamos nós a paga-lo.
Em relação a esta frase: ” Dizem que existem muitos estudos de psicólogos que mostram que as crianças são felizes no seio destes casais, mas isso é mentira. Temos estudos diferentes que mostram o contrário”. Bem, parece que um deles está a mentir. Outra hipótese seria os dois estarem a mentir e a falar verdade, pois que estes filhos de Deus são gente estranha e não há dois iguais. Talvez que não se possa garantir a felicidade da criança em nenhum dos casais, quantas crianças não são infelizes e martirizadas pelos seus pais heterossexuais? Será que podemos garantir a felicidade de uma criança sempre? Parece obvio que não, talvez que sobre isso se pudesse tentar fazer alguma coisa, com cuidado, não esquecendo que estamos a entrar no domínio privado das pessoas. Mas uma coisa é certa, entre uma criança viver sem pais e sem amor, ou lhe ser dada a hipótese de ser criada num núcleo que lhe dê atenção e amor, a segunda parece ser sempre de tentar. E se um homossexual não seguiu o exemplo dos pais heterossexuais, o que nos leva a pensar que o contrário acontecerá. E eu digo, e mesmo que assim fosse?
Talvez que tenham de ser as crianças, desapegadas de leis e tradições que nos torvam o pensamento, a nos libertar, ou a se libertarem, de preconceitos que estão cheios de hipocrisia, e talvez com isso possamos melhorar um pouco o mundo, no caminho para aceitarmos as nossas diferenças.


domingo, setembro 26, 2004

Momentos eternos


Momentos eternos
presos à memória infinita
aflita
por ser quem é
por não ter liberdade

sábado, agosto 07, 2004

Imaginação

No campo das possibilidades infinitas, na eternidade e na imensidão, somos indiscutivelmente seres limitados no que podemos alvejar conhecer. Aí só a imaginação nos pode valer, só com ela podemos atravessar os caminhos do infinito.

sábado, junho 26, 2004

O problema do meu blog


O problema do meu blog é esse mesmo, ele é meu! E como tal sofre dos mesmos males que eu, ele é preguiçoso, ele só quer fazer aquilo que quer e outras tantas coisas que me definem. No entanto, o maior problema que ele tem é permitir uma enganadora paz. Aqui exerço a minha total liberdade, se não quiser "falar", não falo. E esse facto, ao mesmo tempo que inconscientemente me tranquiliza, perturba-me, pois gostava de ter mais poder de me forçar a escrever, o que acaba por se tornar num paradoxo para mim, pois acredito igualmente na armonia tranquilizadora da liberdade e na tirania perturbadora da pressão; embora a ultima me cause algum sofrimento, ambas me dão um sentimento de verdade, à falta de melhor palavra.
Sendo que a natureza naturalmente encontra o seu equilibrio, estou certo que vou caminhando para o meu.

segunda-feira, junho 07, 2004

Lugar em tudo diferente


Caminhava sozinho
na estrada perdida
nos caminhos predilectos da liberdade
distraído da vontade
e do medo

tropecei em ti
para cair, não sei onde foi
talvez no lugar nenhum
ao lado do fim do Mundo
vizinho do buraco sem fim
lugar em tudo diferente
talvez doutra dimensão

Caminhávamos sozinhos
na estrada perdida
nos caminhos predilectos da liberdade
distraídos da vontade
e do medo

voávamos sem destino
inocentes da queda
ou conscientes
que pássaros como nós não caem
voam
para o lugar nenhum
ao lado da incerteza
lugar em tudo diferente
talvez doutra dimensão

Caminhava sozinho
na estrada perdida
nos caminhos solitários da liberdade
distraído da vontade
e do medo

tropecei em mim
para cair, não sei onde foi
talvez no lugar nenhum
ao lado do fim do Mundo
vizinho do buraco sem fim
lugar em tudo diferente
talvez doutra dimensão

quarta-feira, junho 02, 2004

Ditos

A dificuldade por vezes não está no saber,
está no realmente sentir o que sabemos.

segunda-feira, maio 31, 2004

Ditos


Raramente uso as palavras dos outros. Em parte porque a minha memória não o permite e em consequência disso, porque me habituei a usar as minhas, que obviamente são fruto das minhas próprias reflexões, que são culpa do que vivi, do que senti, do que li. Se elas por vezes vão ao encontro das palavras dos outros, ou pelo menos ao seu conteudo em termos de ideias, é porque até hoje não consegui a minha transcendentalização:continuo a ser humano.
Isto só para dizer que hoje vou fazer aqui uma pequena excepção, inédita no meu blog.
Demócrito escreveu esta pequena frase há mais de 2000 anos, que é um pequeno exemplo de como coisas pequenas têm o poder de se alastrar, e também, penso, mostra o que pouco ou nada mudou na nossa sociedade em termos de percepção do que é esta coisa a que chamamos "vida".
E a frase é esta:

" O mundo não passa de mudança, a vida o que dela se pensa."

domingo, maio 09, 2004

Sem título

Era noite
e de repente caminhávamos de mão dada
inocentes
do que sabíamos, nos estava destinado.

quarta-feira, abril 28, 2004

Bom tempo

O bom tempo tem destas coisas,
a gente bebe uma cerveja
a gente apanha com o sol na cara
a gente escuta uma música...
e a gente voa
a gente sai
fechamos os olhos
abrimos os olhos
devagar...
somos felizes nestes momentos
eternos no momento
fugazes na vida,
isto é nada
nada é mesmo
mas a vida são pequenos nadas
insignificantes como estes
mais ou menos saborosos,
lembro-me do amor...
amor é bom!
sim, eu gosto, é bom!
corpo de mulher, é carne, é cheiro, é toque
concentro-me no momento...
corpo de mulher
mulher
fonte de prazer
de encontro e reencontro,
divago
procuro
escuto
aprendo
talvez sem o saber,
mas isso a gente vê mais tarde...

cerveja que acaba, música que muda, cigarro que morre,
fugazes são os momentos
encontramo-los para saber que os perdemos,
o tempo
ó tempo
deixa-me o teu segredo
quero a eternidade ao segundo...

segunda-feira, abril 26, 2004

Fuga, ou procura da verdade

Saio disposto a provocar o vento
quero senti-lo na minha cara
no meu corpo ausente de mim

a velocidade é automática
ja sei o que quero
quero ir sozinho
sem dor nem cansaço
sem corpo
e até sem alma...

e la vou caminhando no vazio
no refrescante vazio...
e o mundo deixa de ser branco

existem cores e sabores à minha volta
e eu caminho por entre os seus intocáveis sentidos
sozinho...

agora podia ser apenas imaginação e eu fico feliz pela descoberta
é fuga para um novo reencontro
é apenas vento que sopra
água que corre...

domingo, abril 18, 2004

Ditos

Numa tarde de primavera, ao Sol e ao vento, fecho os olhos e respiro fundo...sinto o fresco do ar que me penetra e refresca...como não sorrir?

terça-feira, março 02, 2004

Que se soltem os Ursos e os Leões


Este fim de semana fez-me lembrar a última vez que fui ao jardim zoológico. Estava num bar em Alcobaça e a dado momento um sujeito que estava barbaramente embriagado teve o reflexo de tirar a sua T-shirt. Digo reflexo, porque me custa a acreditar que tal personagem estivesse na posse de alguma racionalidade(que me pudesse levar a pensar que ele de facto pensou), designação essa que é usada para nos diferenciar a nós humanos do resto das espécies animais, embora a esse respeito eu tenha ainda as minhas dúvidas se a designação é a mais acertada. A partir do momento que tirou a T-shirt, e extasiado pela auto-admiração do seu musculado e tatuado corpo, o sujeito encetou uma prolongada e assustadora dança, só comparável ao dançar de um camião Tir desgovernado na IP5. No entanto, e para sorte dos muitos presentes, o perigo não foi além de umas pisadelas e encontrões, sem contar com o malfadado cheiro que emanava do seu suor, que qualquer advogado de meia tijela Americano poderia facilmente provar tratar-se de uma poderosa arma quimica. Porém, a macacada acabou quando o dono do bar, a pedido de muitas familias, foi falar com o sujeito para o convencer a vestir a sua roupagem, coisa que ele dócilmente fez, ficando assim provado que o seu mal não era fome.
Ora esta história só me trazia à memória a hipocrisia que por aí anda, pois que enquanto uns andam por aí injustamente enjaulados, outros arrastam-se injustamente livres. Mas eu sou pela liberdade, que se soltem os Ursos e os Leões.

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

Fora, cá dentro

Mas que tenho eu, que no sei o que tenho
A realidade parece-me mais próxima quando durmo
pois que alí sei que me pertenço
Cá fora,acordado,pertenço a ninguém
sou vagabundo perdido num mundo branco
não distingo cores nem sabores
e se caminho não o sei.

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Ditos

Aguardo a esperança de me encontrar perdido na procura,
procurando não me perder.
Novidade já gasta pela monotonia

Entrei num lugar desconhecido
como todos os outros que conheço,
reparo que havia algo alí já sentido...
novidade já gasta pela monotonia e sem preço.

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Apenas


Em jeito de aventura cosmonáutica do pensamento, qual capitão Kirk comandando a sua Enterpreise em torno e em volta do sem fim cerebral, universo de ideias infinitas e infinitamente presentes na sua aparente ausência, proponho-me desvendar o mistério insolúvel, para vos apresentar as conclusões inexistentes.
O presente e o futuro, são duas a mesma, são ambas o passado.Passado que foi presente na sua inexistência sentida. Porque o sentimento apenas existe se o considerarmos fora do ser fisico, se o considerarmos imortal, transcendental, qual substância que existe não a sendo. Será portanto, uma existência de outra dimensão, da dimensão inimaginável, improvável aos nossos olhos, apenas presente na nossa imaginação, no nosso instinto mistico do presentimento. A verdade aqui é impossivel, hoje, no tempo que não existe, que nunca existirá.
São apenas palavras,
são apenas ideias atiradas,
é apenas imaginação.
Diário de um jovem motivado


Acordo estremunhado, dormi muito ou pouco, não sei. Vejo as horas...dormi muito. Tenho dormido muito ultimamente, mas sinto que isso não me tem dado descanso. Levanto-me, tento-me levantar, levanto-me. Visto as calças, faço-o sem pensar, são as de sempre...de sempre. Tropeço na rotina, caio no sofá, sento-me, deito-me. Preciso de um café, chá, algo que me acompanhe o cigarro de sempre...de sempre. Olho em todas as direcções sem olhar para lado nenhum, cheiro, respiro, falo. Falo? É noite. É noite? Hoje já é ontem, vou dormir.



segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Insónia

Procuro perder-me na escuridão
e perco-me nos pensamentos,esses tão claros
Caminho deitado
e vejo de olhos fechados um presente passado e um futuro presente
Canso-me de um suor invisivel
sem que o meu corpo sinta o sinal do movimento

Desperto enfim
já cansado deste despertar que não me cansa,mas aflige
Fumo um cigarro
Olho o infinito
e procuro distrair-me do que me distrai
Mas não por muito tempo
já é tarde e eu quero mesmo dormir

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Marinheiro de água salgada

Sou marinheiro de água salgada
num veleiro

navegando nas lágrimas
sobre elas

aguardando o dia do meu naufrágio
não tanto como a morte

com a coragem nas mãos
pronta a ser largada

e desejando a vista terra salvadora
abismo pior que a morte
Quero encontrar a estrada perdida

Quero encontrar a estrada perdida,
para me perder no seu encontro
e me encontrar na sua perdição.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Vida, a minha primeira desilusão


Sim, talvez que tenha sido isso, desde o inicio não gostei. Não gostei que me tirassem da barriga da minha mãe, lá estava quente e cá fora estava frio -A minha primeira desilusão. A partir daí foi uma sucessão de desilusões sobre desilusões. A dor, a obrigação, o frio e calor, coisas para as quais não via sentido de existir, porque me incomodavam...e que mundo era esse, que coisa era essa para a qual me tinham atirado, que tão facilmente poderia ser mais perfeita...era só não haver essas coisas. E esse tal Deus que me falavam, com o seu supremo poder...tantas vezes chorei pela Rosa da terceira classe, pela Eva do segundo ano do ciclo...odiei-o desde então. E só não foi para sempre porque depois veio a descrença, e o odio deixou de fazer sentido -desde muito novo percebi a lógica- só se odeia aquilo que existe.
Talvez por isso me tenha refugiado nos meus sonhos, a solução era passar o menor tempo possivel no mundo que me desagradava...mas talvez que o prazer que tirava das minhas fugas suplantava o desagrado. E era tão melhor o meu mundo...não para os outros, eu era dono e senhor, era o heroi, todos vencia e todas as mulheres que amava me amavam perdidamente, só havia espaço para a felicidade, a minha felicidade. Afinal eu queria um mundo melhor, eu criança. A solidariedade ou nasce conosco ou se aprende, com disciplina. A disciplina sempre foi para mim um sofrimento e desde que nasci só sentia a
minha dor, só a minha dor me interessava -trocava de boa mente e sem pestenejar a minha dor de cabeça pela destruição de qualquer sistema solar, o meu ou outro (hoje adulto já não é só a minha dor que me interessa, mas continuo a preferir a destruição do Universo a qualquer dor que me incomode). A solidariedade não apareceu na minha vida, portanto, pelo facto de começar a sentir a dor dos outros. Apareceu pela lógica -não faças aos outros aquilo que não gostavas que te fizessem a ti. No entanto, aquilo que pensamos nem sempre acompanha aquilo que fazemos, é preciso disciplina, a tão sôfrega disciplina. E uma coisa é jogar sozinho, outra é jogar com biliões.
...E mais não me apetece dizer, e o que não me apetece causa-me sofrimento...E o quê!!!???Até aqui!!!???Na minha própria página!!!???Até aqui me vão julgar!!!!??Porra para as putas das morais, mas agora já não se pode expressar opiniões e ir de acordo com elas!!!?Nem mesmo desta forma inocente!!!???Na minha página!!!!!????Pois que tudo vá pelos ares e a caminho levem-me!!!!!

domingo, fevereiro 01, 2004

A tristeza, a alegria e eu


Andamos juntos, de mão dada, nós três-Eu tu e tu. Mas nós não somos três, somos eu e vocês e umas vezes eu e tu e outras eu contigo. São filhas do mesmo pai, mas tão diferentes são as igualmente belas irmãs...as nossas irmãs. E eu também sou a relação com elas, tal como tu. E às vezes brincamos todos juntos, e rimo-nos das nossas brincadeiras...sim, é verdade, brincamos juntos, todos.

sábado, janeiro 31, 2004

No refúgio da noite

No refúgio da noite
fumo o cigarro da solidão
fumo as lágrimas escondidas e repetidas
e amanhã
tal como no deserto
o sol secará a água inexistente

sexta-feira, janeiro 30, 2004

Sou

Sou como o pássaro que voa
como o vento que sopra sem pré-aviso
Sou barco à deriva na deriva do mar incerto
acção e reacção
Sou também fruto da imaginação
Sou loucura e coragem disfarçada
Sou medo do que não consigo disfarçar
Sou eu em todas as formas encontradas
Sou viajante errante em estrada perdida
Sou caminho por construir e saudade do que não conheço
Sou do oito ao oitenta
Sou verdade e mentira em simultâneo
Sou confirmação da contradição
Sou presente revisitado até ao esquecimento
Sou também a memória do esquecimento
E talvez deixe de ser quando a memória ficar esquecida.
Ditos

Estou preso,de mãos amarradas,não consigo fugir,é mais forte que eu...sou eu,o eternamente mutável eu!
?

Venho de onde não estive
Vou para onde não vou estar
Entretanto cá vou estando
Até o entretanto se acabar
...e o que é que isto me faz pensar?

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Ditos

Sim eu sei,
as regras são importantes
sim,sim,eu sei,
as regras são para se respeitar
sim,sim,sim,
elas sempre existiram!
Mas porra,
não foram sempre as mesmas!

terça-feira, janeiro 27, 2004

Silêncio profundo

Por vezes o que me vai na alma é um silêncio profundo
tipo poço sem fundo
um vazio completo
como os pensamentos de um feto
descubro repetidamente o vazio do universo
até que o infinito me aparece
sinto-me desaparecer
não porque esteja a ficar mais pequeno
mas porque tudo à minha volta cresce
até ao ponto em que a palavra deixa de fazer sentido
até ao ponto em que se desvanece